quarta-feira, 20 de maio de 2009

Modesta proposta para evitar que a reforma ortográfica se torne um fardo para nós ou para o país

E não tem como não voltar ao assunto: a maldita reforma ortográfica. Parece que, além de servir de escopo para o joguinho de dizer letra por letra naquele programa televisivo, serviu, também, para aguçar o senso criativo deste profano aqui.
Ainda há muita gente discutindo como vai ficar, como vou escrever, como será, será mesmo a unificação da língua portuguesa?
Justamente, já que os propósitos ainda não estão bem explicados, e mesmo que um tanto tardiamente, resolvo lançar a seguinte proposta de reforma gramatical, afinal, já que a coisa toda parece realmente uma bagunça, também quero a minha fatia dessa torta que vai dar direto na cara do palhaço:
Fica suprimido o "h". Escreveremos omem, onesto, abitação e assim por diante. Afinal de contas, se não soa, para que escrever.
As representações gráficas dos fonemas passam a expressar tao-somente o som original. Quer dizer: "z" tem som de "z", "s" soa como "s" e "c" tem som de "c", o que nos leva automaticamente a suprimir o "q", já que este também tem som de "c", o "ç", já que tem som de "s" e os dois "s", já que estes parecem mesmo valer por um só.
Os adjetivos sempre precederão os substantivos. Exemplo: bonita mulher, quente dia, pensativo charuto.
Esta última pode até não dar certo. Mas, se deslocarmos os adjetivos, como ficarão poéticos os nossos diálogos.
Os pronomes retos, quando houver verbo, serão eliminados, já que a pessoa está marcada na terminação verbal, a menos que o verbo seja impessoal. Mas exceptua-se desta nova regra casos como o diálogo que segue:

-Quem pegou o dinheiro que estava aqui?
-Eu, quer dizer, ele.

Agora, acho que isso pode dar mesmo pano para a manga, mas estou tão resoluto e receptivo ao debate que não aceito críticas e nem admito perguntas a respeito desta nova proposta de gramática e qualquer comentário contrário será sumariamente eliminado.
No fim das contas fico pensando: tragam-me o atestado de sanidade mental do Qorpo Santo que eu assino embaixo.

3 comentários:

  1. Como não venho pra discordar, muito menos pra concordar, trago apenas uma proposta pra acrescentar: que se acrescente sempre o sentido desejado entre parênteses, a cada vez que a palavra tiver, do ponto de vista do dicionário, mais de um significado. Assim, cada vez que escrevermos um texto obtuso (não relativo ao ângulo, mas ao adjetivo) e cheio de meias-palavras (não no sentido de palavras escritas pela metade, mas escritas de maneira que deixem dúvidas quanto à intenção), a gente poderá desfazer ambiguidades (arre! que falta faz o trema!) sem precisar (no sentido de necessitar) do contexto. Assim, a ONU, a OIT, a OEA, a KGB, a BMG Ariola, a CBS e a CNBB aceitará os países de língua portuguesa e lhes dará um acento (com "c", mesmo) definitivo.

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  2. Fica também esta proposta: as palavras passam a ter apenas um significado. Queimem-se os dicionários.

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  3. Os lingüistas estão querendo 'globalizar' a língua portuguesa? É isso? Quantas mais reformas serão necessárias para conseguir essa façanha? Talvez as sugestões do Sr. Profano sejam utilizadas daqui a 50 anos.

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