terça-feira, 11 de agosto de 2015

Guia prático de etiqueta para o protesto domingueiro

Pois é, caros leitores. Depois de muito tempo de ócio, gostaria não só de escrever, como também de publicar aqui um texto que combinasse utilidade pública e consciência política, para tirar este humilde espaço do ostracismo. Não consegui o que queria. Por isso resolvi lançar o Guia Prático de Etiqueta para Protestar Contra o Governo e os Governantes.
- Use e abuse das cores da bandeira. Verde e amarelo à toda. Azul e branco também, mesmo não dando tanto destaque. O que vem a ser uma boa dica para aqueles que preferem ser mais discretos.
- Cante o hino, e com a mão no peito especialmente estufado na hora do "pátria amada...". Afinal, nem só de consciência política vive a rapaziada. Também tem o sentimento de nacionalismo latente, verdejante e amarelante. Azulante e brancante também, só que em menor escala.
- Usar roupa vermelha está proibido.
- Faça associações abstratas entre Cuba e paraíso, afinal de contas, pode haver vários psicólogos protestando também, e essa obsessão por aquele simpático país merece ser investigada por um profissional competente.
- Abuse das selfies, caprichando nas legendas super expressivas, do tipo "fazendo a minha parte", "também estou indignado", enfim...
- Use e abuse do nariz de palhaço. Essa é a melhor forma de ser levado á sério.
- Não discuta com os que têm argumentos melhores do que os seus. É a melhor forma de perder a discussão e tirar a credibilidade do movimento, Prefira antes berrar e bradar,"Vá pra Cuba, lá é que deve ser o paraíso..." Este é o argumento definitivo.
- A música Eu te amo, meu Brasil, de Dom e Ravel, pode ser o segundo grande hit depois do próprio hino nacional. Geraldo Vandré, Pablo Milanes, Victor Jara e Violeta Parra nem pensar.
- Diga-se apartidário, mesmo centralizando todos os ataques em um único partido. Afinal, nem só de camisa da CBF e de hino nacional vive o bom protesto. Há também a coerência.
- Não se reprima, não se reprima uou, uou, uou, uou.
- E lembre-se de se divertir. Afinal, de que vale tirar toda essa parafernalha de casa, se não for divertido? E no fim das contas, não é tudo uma grande piada?