sábado, 29 de outubro de 2011

História de rock

Aviso, antes de qualquer coisa, que parte desta história é baseada na realidade, embora eu não saiba exatamente qual parte se baseia na realidade, nem tampouco em qual realidade está baseada, se naquela verdadeira, ou em uma outra, digamos, alternativa.
Trocaram telefonemas para combinar uma esperada e durante tanto tempo adiada ida ao estúdio para que, dez anos depois, pudessem gravar suas velhas músicas ou, quem sabe, apenas se divertir tocando covers das suas bandas favoritas. 
Claro, tinham conhecido algumas novidades durante o tempo em que não se falaram. Arrefeceram em alguns conceitos, fortificaram-se em outros, mas estavam mesmo a fim terminar com a vontade de espancar a bateria e as cordas da guitarra. Mas claro, era preciso combinar antes o que fazer, para não correr o risco de, já na sala de gravações, um ficar olhando para o outro indagando "e aí?"
Encontraram-se, na casa de um deles, para acertar os últimos detalhes; um com as mãos suando de ansiedade; o outro faceirão, feito uma criança que acabara de ganhar um novo brinquedo. 
Beberam algo para relaxar e espantar a ansiedade enquanto, para se inspirar, e enquanto se preparavam para carregar os pratos da bateria, a guitarra e os pedais, colocaram uns discos de Krautrock para tocar.
Foi quando tiveram a ideia de fazer novos experimentos musicais. Nada de pedais, pratos, cordas ou guitarra. O negócio seria mesmo na base da betoneira. 
Passaram então o maior trabalho para carregar a betoneira para o estúdio, pois era bastante complicado empurrar um aparato daquele tamanho pela rua. Mas no fim das contas era bom, já que como nos velhos tempos as pessoas lançavam aquele olhar de admiração de "lá vão os caras que tocam na banda". Era novamente a sensação de fazer parte de algo, de ser diferente, de manter acesa a chama da rebeldia, porque faziam parte de uma banda, uma instituição que não é para crianças e nem para adultos, era o limbo entre idades: jovens demais pra morrer, velhos demais para o Rock and roll.
Chegaram, finalmente, ao estúdio, quando viram que a betoneira não passava pela porta e não havia tomada para ligá-la. Foi quando um olhou para o outro, indagando "e aí?"

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Cinema II

Não sou crítico de cinema. Sei lá como trabalham aqueles caras que escrevem para certas revistas e dizem que essa produção é irregular, que aquele roteiro é incongruente, que o elenco é inconsistente, que o diretor é concupiscente, seja lá o que isso tudo significa, também não tenho o menor interesse em descobrir.
O que deixo aqui, não é exatamente uma crítica, e sim um apanhado de fatos curiosos que percebo a cada vez que assisto a determinados filmes, ou, como os infligidores baratos de coesão gostariam de dizer: obras da sétima arte.
Nos filmes do Hitchcock, por exemplo, sempre há algo ingênuo que, antigamente, eu atribuía ao pensamento da época, como se antes as pessoas fossem menos safadas, mas é engraçado pensar que no filme "A cortina rasgada", o cientista gênio que detém a fórmula secreta e, por sinal não é cercado por segurança alguma, é ingênuo a ponto de se deixar levar pela conversa fiada do tosco cientista americano, encenado pelo Paul Newman. 
Também não faz sentido que, na maioria dos filmes de invasão alienígena, espécies com inteligência suficiente para atravessar a galáxia, ao invadir o nosso planeta atenham-se à destruição de monumentos. Os seres desembarcam neste planeta para destruir a Estátua da Liberdade, a Torre Eiffel, o Coliseu, o Cristo Redentor, não, o Cristo Redentor não. Mas de qualquer maneira, não dão a menor importância para as fontes de energia e de alimentos. Pergunto então: para que tanto esforço coletivo dos governos do mundo, já que, aparentemente, os aliens são caras bem intencionados e nada mais querem do que promover uma reforma de bom gosto aqui na Terra?
O Chewbacca, sujeito evidentemente sem capacidade de produzir um pensamento profundo, que é capaz de desenvolver uma linguagem complexa, sempre é capaz de consertar o cruzador intergalático mais veloz de todo o universo, cujo motor provavelmente é da maior complexidade, e melhor ainda, usando somente uma simples chave de fenda. Bem, talvez eu esteja exagerando aqui e o simpático Chewbacca seja de inteligência superior, mas mesmo assim é algo a se pensar a respeito.
De qualquer maneira, dentre os aproximadamente 16 leitores deste blog, muitos farão contato para criticar, dizendo que o forte do Hitchcock era sua ironia, que as destruições dos monumentos pelos extraterrestres era pura licença poética e que eu não deveria falar contra o Chewbacca, pois poderá ser interpretado como uma postura extremamente incorreta do ponto de visa político, pois ele pode ser considerado como parte de uma minoria e tal atitude, nos dias de hoje, não fica nada bem. Mas não estou recebendo comentários, porque esses são dados que simplesmente me parecem curiosos dentro do conceito dos filmes e que se algum leitor, em algum momento, se julgar no direito de pedir direito de resposta, que vá arranjar espaço próprio para arranje suas divagações acerca dos filmes.

sábado, 15 de outubro de 2011

Quando eles voltarem

A feira do livro se aproxima, trazendo alguns autores e pseudo-autores para distribuir autógrafos na praça, uma grande quantidade de livros baratos e uma quantidade maior ainda de livros caros. Fiquei bastante decepcionado por saber que não poderei colher o autógrafo do Campos de Carvalho, mas creio que ele não se faria presente, nem mesmo por intervenção mediúnica, já que era ateu e, consequentemente, não acreditava no além, a não ser no além mar; ainda assim com sérias restrições. Mas como nem tudo é lamentação, choro, velas e punhos cerrados, digo que desta vez pretendo chegar lá bem preparado, com capacete, joelheira e principalmente cotoveleira, que é para poder me acotovelar como no ano passado, quando disputei aos chutes, pontapés, encontrões e cotoveladas o meu exemplar do livro de contos do Bret Harte. Posso dizer que a aquisição valeu a pena, porque o preço era bom e livro melhor ainda; prova de que nesses dias em que a relação custo-benefício parece ser a própria carta magna, o consumo de literatura dá suas flertadas com as ciências exatas.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Cartunizando

Não sou capaz de desenhar sequer aquelas casinhas com árvore, ou boneco-palito. Mas apesar dessa inaptidão, sempre apreciei histórias em quadrinhos (embora eu prefira o termo banda desenhada), principalmente as boas, como as do Will Eisner e as do Quino. Percebe-se que nesse segmento da arte também existem alguns injustiçados. Um deles é o Jean-marc Reiser, um quadrinista ou cartunista relativamente antigo, raramente lembrado pelos apreciadores de banda desenhada. Mas assim como os bons livros, os bons filmes e as boas ideias, as boas histórias em quadrinho permanecem.
E o Reiser (não privarei o acidental leitor do prazer de uma boa pesquisa, mesmo que no Google, pois creio que meus leitores regulares não precisem pesquisar a esse respeito) consegue se manter atual com sua crítica e humor negro.
Acredito que o cartum a seguir expresse bastante a respeito do atual comportamento do grande público,  consumidor, estudioso ou consumidor de estudos, em relação à tecnologia e à ciência.
E, caso algum dos leitores acidentais tenha interesse em saber mais a respeito do Reiser, que saia da frente do computador e vá procurar nos sebos, pois não estou disposto a postar toda a obra dele aqui no blog, tampouco tenho tempo para tal empresa.