segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Sítio do pênis-pênis opilado

Anda por aí, por essas redes sociais da vida, odeio o título redes sociais, mas não encontro forma melhor de nominar esse sítios. 
Mas anda por aí, uma foto com um protesto a respeito da censura ao Monteiro Lobato, acusando-o de racismo. Creio que ele talvez merecesse a acusação de carolão moralista, principalmente pela sua tradução do Tom Sawyer, que por muitos anos me roubou o prazer da leitura do Mark Twain. Mas apesar de seu projeto pedagógico, ainda sou fã do Monteiro Lobato, por Urupês e também por textos como "O colocador de pronomes". 
Todavia, a verdade é que me parece que o Lobato será sujeito à mutilação artística. O que é bastante curioso, pois creio que a onda de piadas a respeito da mulher que estragou a pintura na igreja, e que circulou exaustivamente, como tudo nesses dias de excesso de informação, mas que no fim das contas me parecia mesmo um ato de represália ao seu descuido da hora de restaurar, ou sabe-se la o que ela queria fazer com a pintura.
O que eu acho muito triste, nesses dias sombrios de hoje, é que as pessoas não mais discutem, não debatem. Não há mais interesse em trocar conhecimento, mas sim em impor uma ideologia sobre a outra. Certa vez (acho que ano passado) entrei em uma discussão "virtual" a respeito de racismo. Acho que era sobre um cara da Globo que falara sobre o Sammy Davis Jr. e uma moça que participava me disse no final da argumentação: tá certo, mas que é racismo é racismo. Particularmente acho desprezível qualquer manifestação racista, sectarista, sexista etc. Mas também são desprezíveis a censura, a desinformação, a mutilação artística, e o não-debate. Hoje, quando se fala em liberdade de expressão, creio que este mote deverá vir acompanhado de uma frase assim: Certo, você tem o direito de expressar o que quiser, mas agora vai uma lista do que você quer expressar. Como o Monteiro Lobato, tínhamos outros excelentes escritores, que, creio, deverão também ser submetidos ao crivo da ignorância, o Jorge Luis Borges, o Rimbaud, que era traficante de armas, o Celine... Ah, tem outra, daqui a pouco vão censurar o Saramago por ser ateu. Vamos acabar lendo apenas os romances baratos à venda nas bancas. E olhe lá, porque eles me parecem estar cheios de sacanagem.

sábado, 16 de junho de 2012

Hipótese passageira

Às vezes, quando penso na quantidade de propaganda que é enfiada pelas nossas gargantas todos os dias, e mais especificamente quando penso a respeito dessa dita ideológica e do bombardeio macaquista que aconteceu na ocasião dos ataques aos edifícios nos EUA, na morte do terrorista e em todo o resto, principalmente quando há alguma pendência ou tendência política envolvida, da mesma maneira quando vejo  os noticiários a respeito do governo belicista dos EUA e de seu fraudulento presidente, o qual, de alguma forma, parece ter realmente se tornado um ícone, pelo menos na mídia de nosso país, que parece comemorar as invasões promovidas por aquela nação, não injustamente chamada por um dos seus de nação de estúpidos.
Penso no que aconteceria se os EUA necessitassem de mais espaço no planeta, e isso realmente parece estar prestes a acontecer, já que eles realmente parecem ter encolhido dentro de suas fronteiras, pois espaço físico e recursos naturais são, obviamente, muito mais importantes do que ouro e petróleo. Também lembro que misteriosamente comemoramos o expansionismo português muito mais do que a literatura portuguesa, mas isso é outro assunto, muito interessante, claro. 
A verdade é que pensei em algumas hipóteses de coisas que poderiam acontecer se os EUA invadissem o Brasil.
Em primeiro lugar, a invasão não se daria de forma agressiva; primeiro haveria uma certa aculturação nossa em relação a eles. Passaríamos a comer na lancheria do palhaço, as mulheres daqui passariam a ter muito seio e pouco cérebro, daríamos excessivo valor à tecnologia, que seria vista como solução de problemas por ela mesma criados. Teríamos programas de televisão aos moldes dos americanos, transformaríamos a cultura em mercadoria, chamaríamos escritores ruins de best sellers...
Mas se a invasão fosse feita de um modo agressivo, com tropas, exército, tanques de guerra, aviões, metralhadoras, em vez de com um simples telefonema, como efetivamente acontece. Como seria.
Creio que, em primeiro lugar, os políticos abandonariam Brasília, ou estenderiam o tapete vermelho para que os mariners marchassem pela capital.
A rede globo daria a notícia de que os EUA "ocuparam" o Brasil para instalar um novo governo na capital, em nome da democracia e da liberdade e que tudo não passa de uma fase transição, antes da devolução do controle do país para quem realmente merece, mostraria combatentes mortos, mas não sem chamá-los de rebeldes agressores ou vândalos marginais.
A juventude aplaudiria o desfile das tropas americanas nas ruas, dando graças a Deus por agora sim poderem comprar um I-pad, um I-phones, um I-pod, e com tais aparelhos milagrosos tirariam fotos durante as comemorações do dia da dependência.
Alguns resistentes publicariam fotos, charges, vídeos do Eduardo Galeano, fotos do Eduardo Galeano com textos do Eduardo Galeano ao lado das fotos, vídeos de conferências e alguns textos nas redes sociais, protestando, falando que é um absurdo, fazendo isto em seus notebooks, bebendo coca-cola até a hora de dormir.
Outros, mais rebeldes, escreveriam teses criticando o imperialismo e o colonialismo, dizendo que isso é coisa de reacionário, de neoliberal e que, se preciso for, estão dispostos a matar pela causa, mas irão para casa, no carro da mãe, com suas camisetas do uísque Jack Daniel's. Claro que dariam graças a Deus pela extinção do Velho Barreiro.
Os mais pessimistas e desesperançosos pediriam asilo no Uruguai.
Os mais otimistas diriam que os invasores seriam derrubados pelo poder do voto e que a situação está para mudar, e continuariam a sonhar feito idiotas acordados, dizendo que vale a pena, apesar de tudo, ser rebelde, mas silenciosamente dariam graças por ter finalmente uma causa.

domingo, 1 de abril de 2012

Nossos votos de primeiro de abril.

Primeiro de abril, e acho que pode-se dizer que ninguém sabe explicar o significado ou a origem do folclore a respeito da data. Há, inclusive, controvérsias a respeito do nome. Seria dia dos idiotas, dos bobos, dos tolos, dos patetas? Certamente acho que destes citados, pateta é o menos adequado, já que pode significar divertido, e a diversão praticada nesta data é a diversão às custas da enganação alheia, como aqueles trotes telefônicos nos quais se dava uma notícia falsa, deixando às vezes uma família inteira em pânico, para depois gritar animadamente: primeiro de abril. Portanto, não vejo nada de divertido nisso.  Mas por me parecer a forma mais abrangente e melhor adequada ao espírito do dia, chama-lo-ei de dia dos idiotas.
E é hoje, no dia dos idiotas, que dou os parabéns a todos os idiotas no mundo. Não apenas aos idiotas de dedicação exclusiva, como também aos sutilmente idiotas.
Dou os parabéns aos motoristas que não respeitam as faixas de segurança, os sinais de trânsito, as regras de trânsito em geral, que buzinam por qualquer motivo, que brigam, que correm e, especialmente, os que bebem e dirigem.
Também merecem os parabéns os pedestres que atravessam no sinal vermelho, sem que esteja aceso o homenzinho verde do semáforo.
Parabéns aos ciclistas que andam sobre as calçadas, desrespeitando os pedestres, pondo em risco a segurança de velhos e crianças, e que, mesmo sendo a parte mais forte se envolvida em um acidente com um pedestre, acham que têm o direito de reclamar por seu desfavorecimento em relação aos outros.
Parabéns aos que acreditam que cessar com a exploração inadvertida do meio ambiente poderia colocar a economia em colapso.
Parabéns aos que concordam com o que é chamado de sistema e resignam-se dizendo que é assim mesmo e nada pode ser feito.
Parabéns aos que acreditam na propaganda dos grandes meios de comunicação sem questionar e argumentam dizendo: está na veja.
Parabéns aos mal educados, aos que furam as filas. Aos que pegam troco a mais, não devolvem e ainda dizem que idiota é o cara que está no caixa. Aos que pegam emprestado e não devolvem. Aos que pegam emprestado, não devolvem e ainda sentem-se ofendidos quando cobrados.
Especiais cumprimentos aos que ouvem música de péssima qualidade em altíssimo volume nos carros.
E acima de tudo, parabéns aos políticos brasileiros, pois sem eles não haveria mais razão de existir esta data, e eu não teria assunto para produzir texto algum hoje.
Só resta dizer a todas as pessoas que exercem seu direito à idiotice: Por favor, não continuem assim.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Outra vez rock, mas sabe-se lá até quando.

Impressionante que o rock tenha evoluído com Elvis, Beatles, Doors, Rolling Stones, Cream, Moody Blues, tenha passando pelo krautrock alemão, pela Canterbury scene, na Inglaterra pelas centenas de ótimas bandas existentes na Suécia, que andavam anos à frente do que se fazia no grande circuito, mas que curiosamente preferiram não se expandir para além das fronteiras de seu país. 
Que tenha tido bandas belíssimas como The Byrds e Love, sendo que esta última, por simples decisão do Arthur Lee, tenha se limitado à Califórnia, tal como faziam aquelas bandas suecas. Que alguns tenham visitado  de forma brilhante, ainda que ligeiramente este gênero, como Bob Dylan, Ritchie Havens, Caetano Veloso e tantos outros. Que seja representado aqui no Brasil por bandas influentes como Mutantes, Novos Baianos e Secos & Molhados e, como diz um amigo meu, pelo Tom Zé, que pode ser enquadrado como roqueiro por seu espírito anarquista e contestador. Que tenha durante muitos anos resistido aos ataques da igreja, dos pais indignados, dos moralistas, dos quadrados, dos que se opunham e dos que simplesmente achavam-no muito barulhento. Que seja capaz de deslocar multidões, há mais de quarenta anos, objeto de eventos emblemáticos ou polêmicos. Que tenha tido sua conclusão com os Beatles, que fizeram com que tudo o que surgisse de após eles soasse como antigo ou pouco original e que, mesmo assim, tenha sido reinventado por bandas como Jethro Tull, Fairport Convention, Pentangle, Youngbloods, que tinham como integrantes músicos que diziam não tocar rock, mas que acabaram se rendendo em algum momento da história e dizendo que sim, tocar rock era o que faziam. Que tenha parentesco com o blues, com o jazz e com o erudito, pelo esforço de caras que estudaram, mesmo que para cair na obscuridade e, apesar disso, dar sua contribuição para anos após ter seus discos disputados a tapas, socos e pontapés nas lojas especializadas em antiguidades, que também não é um termo justo e que possa ser aplicado ao que chamamos de rock. Que tenha simbolizado a resistência, a rebeldia e a não submissão às normas de seus opositores. Que tenha sobrevivido a tanta porcaria, despudoradamente chamada no Brasil de  "music". 
Impressionante que após tudo isso um grupelho de adolescentes com cabelinhos e roupinhas coloridas queira, no Brasil e sei lá onde mais, queira ser chamado de grupo de rock. Ora, é esse tipo de coisa que legitima a máxima de por isso que o Brasil não vai pra frente.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Com título

No futuro todos terão 15 minutos de fama, um i-pad, um i-pod, um i-phone, muitos contatos e poucos amigos. Mera impressão ou ao mesmo tempo em que a internet facilitou o acesso às informações também tornou superficial a compreensão das coisas? Antigamente superficialidade era se despencar até o sebo para comprar livro com frases de pessoas notáveis. Hoje basta perguntar para o google. Todos sabem quem é Woody Allen, Groucho Marx, Karl Marx, Mae West, Campos de Carvalho, Oscar Wilde e W.C. Fields, e em algum lugar um sujeito com preguiça mental acessa o google para pesquisar a respeito do "Niti". Certo, mas o que se pode fazer com toda essa informação, exceto poder dizer "Já conhecia, já ouvi falar"? O mundo não ficou mais idiota, a quantidade de idiotas no mundo é que aumentou, ou eles se tornaram mais influentes.
De certa maneira sempre tentei discordar do Warhol, por implicância ou ignorância, sei lá... Mas a verdade é que de alguma maneira parece que agora consigo encontrar uma boa metáfora para o seu discurso ou então encontro um bom discurso em suas metáforas. 
Continuo me deliciando e não entendendo o Bukowski, mas entendo menos ainda os que se vangloriam dizendo conhecer seus livros e lamentam não tê-lo estudado no currículo escolar normal. De qualquer maneira, se o Bukowski entrasse para o currículo de literatura não seria marginal e a rodinha intelectual que se vangloria de conhecê-lo perderia sua razão de existir e tampouco eu estaria aqui dizendo essas coisas agora.
De fato continuaremos a ter palavras de jargão que entrarão na moda, para a felicidade dos que as usam, e o movimento histórico da involução, pelo menos intelectual, continuará acelerado.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Resoluções para o ano

Sei que as coisas andam meio paradas aqui neste blog, pelo menos em termos de postagens. Mas por falta de desculpas não vou dar explicação alguma para esta minha recente ausência. Também por falta, mas desta vez de assunto, postarei apenas as simples resoluções de ano novo. Sim, o ano ainda é novo, apesar de já ter iniciado há algumas semanas, mas ainda dá tempo de escrever alguma coisa a respeito, ou a despeito, se tanto...
A verdade é que de certa fora a entrada do ano, ao menos no aspecto matemático, não deixa de simbolizar uma passagem, uma espécie de busca por algo melhor, por evolução, crescimento, ou que pelo menos nos tornemos pessoas menos ruins do que no passado, ou piores pessoas, mas com menos consciência.
Então, como também procuro esta miniatura de nirvana, eis minha lista de resoluções de início de ano:
1 - Não beberei mais cerveja de má qualidade, mas também não usarei este espaço para fazer propaganda daquelas de boa qualidade, pois não estou sendo pago para isto. E a boa cerveja, convenhamos, anda bem cara.
2 - Resistirei bravamente ao impulso de apedrejar os carros de som que ao andar pelas ruas fazendo propaganda fazem-no tocando o hit do verão, a terrível e temível música do Michel Loló.
3 - Caso eu não consiga cumprir a resolução anterior, perdoar-me-ei por não tê-lo feito.
4 - Conceder-me-ei o direito de usar pronomes mesoclíticos à vontade.
5 - Abandonarei o hábito preciosista e pedante de usar mesóclise sem necessidade, já que isto vem a tornar os textos bastante enfadonhos.
6 - Dedicar-me-ei a escrever o meu livro. Ao menos um capítulo por dia.
7 - Tentarei desvendar o mistério da palavra "olvido" escrita no pilar de uma parada de ônibus em Porto Alegre.
8 - Tentarei não cair em contradições vãs.
9 - Usarei este blog para escrever sobre assuntos relevantes e irrelevantes. Coisa que já venho fazendo desde o início, mas serei mais tolerante com os comentários alheios, os quais serão publicados ou excluídos, dependendo do contexto, do conteúdo, da forma da abordagem e da própria abordagem.