sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Outra vez rock, mas sabe-se lá até quando.

Impressionante que o rock tenha evoluído com Elvis, Beatles, Doors, Rolling Stones, Cream, Moody Blues, tenha passando pelo krautrock alemão, pela Canterbury scene, na Inglaterra pelas centenas de ótimas bandas existentes na Suécia, que andavam anos à frente do que se fazia no grande circuito, mas que curiosamente preferiram não se expandir para além das fronteiras de seu país. 
Que tenha tido bandas belíssimas como The Byrds e Love, sendo que esta última, por simples decisão do Arthur Lee, tenha se limitado à Califórnia, tal como faziam aquelas bandas suecas. Que alguns tenham visitado  de forma brilhante, ainda que ligeiramente este gênero, como Bob Dylan, Ritchie Havens, Caetano Veloso e tantos outros. Que seja representado aqui no Brasil por bandas influentes como Mutantes, Novos Baianos e Secos & Molhados e, como diz um amigo meu, pelo Tom Zé, que pode ser enquadrado como roqueiro por seu espírito anarquista e contestador. Que tenha durante muitos anos resistido aos ataques da igreja, dos pais indignados, dos moralistas, dos quadrados, dos que se opunham e dos que simplesmente achavam-no muito barulhento. Que seja capaz de deslocar multidões, há mais de quarenta anos, objeto de eventos emblemáticos ou polêmicos. Que tenha tido sua conclusão com os Beatles, que fizeram com que tudo o que surgisse de após eles soasse como antigo ou pouco original e que, mesmo assim, tenha sido reinventado por bandas como Jethro Tull, Fairport Convention, Pentangle, Youngbloods, que tinham como integrantes músicos que diziam não tocar rock, mas que acabaram se rendendo em algum momento da história e dizendo que sim, tocar rock era o que faziam. Que tenha parentesco com o blues, com o jazz e com o erudito, pelo esforço de caras que estudaram, mesmo que para cair na obscuridade e, apesar disso, dar sua contribuição para anos após ter seus discos disputados a tapas, socos e pontapés nas lojas especializadas em antiguidades, que também não é um termo justo e que possa ser aplicado ao que chamamos de rock. Que tenha simbolizado a resistência, a rebeldia e a não submissão às normas de seus opositores. Que tenha sobrevivido a tanta porcaria, despudoradamente chamada no Brasil de  "music". 
Impressionante que após tudo isso um grupelho de adolescentes com cabelinhos e roupinhas coloridas queira, no Brasil e sei lá onde mais, queira ser chamado de grupo de rock. Ora, é esse tipo de coisa que legitima a máxima de por isso que o Brasil não vai pra frente.