segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O planeta dos simiescos

Recentemente adquiri em uma banca de jornal um exemplar de "O Planeta dos Macacos" do francês Pierre Boulle. Já virou cine-série no final dos anos 60, ganhou nova adaptação cinematográfica em 2001, dirigida pelo Tim Burton, que, na minha opinião deixou muito a desejar. Portanto, cinematograficamente, atenho-me à versão de 1968, aquela com o reacionário do Charlton Heston. Mas o fato a ser discutido aqui não é a qualidade das adaptações, nem a ideologia dos atores.
Ler o livro e assistir ao filme é como ter uma visão espelhada da humanidade, a ordem das coisas parece invertida, os macacos tomaram conta do planeta e mantêm os humanos sob controle, mas assim que atingem um grau mais elevado de evolução intelectual e material, passam a incorrer nos mesmos erros da humanidade (ou da civilização predecessora, no caso): obscurantismo, retenção da informação como forma de controle, divisão da sociedade através de sistema racial e, acima de tudo, preconceito.
Gosto de pensar que o livro usa uma teoria interessante, a de que no final das contas o homem tornou-se vítima do próprio processo evolutivo, não sabendo exatamente que rumo tomar e o que fazer com o progresso, tornando-se uma grande e imediata ameaça para o planeta, imagina-se que com várias, mas não suficientes, exceções. Claro, alguns anos depois Daniel Quinn lançou seu "Ismael", igualmente divertido e perturbador.
E, justamente, a grande e atual questão pode ser esta: o que fazer com o progresso, destruir o planeta, ou tomar consciência de que estamos atingindo um ponto do qual o retorno será impossível e tentar reverter a situação antes que os macacos dêem um salto na evolução e passem a dominar o mundo, sem que antes venha um gorila falante e tente abrir os olhos da humanidade para esta verdade aterradora e incontestável?
Mas, amenidades à parte, para quem não leu e para quem já leu, recomendo a leitura, releitura e até mesmo a treleitura destes dois belíssimos livros e lanço uma pergunta: será que o macaco está com a razão?

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Afirmação da semana

Nem bem chega perto o final do ano e eu fico aqui pensando sobre a retrospectiva. Mas, como ainda é cedo para armar uma retrospectiva, prefiro comentar a afirmação da semana. Apesar de estarmos ainda em setembro, tal afirmação já é, na minha opiniao, forte candidata a prêmio, seja Nobel ou oscar.
Em assembléia geral da ONU, o presidente e astro pop dos E.U.A., o tal do Barack Obrahma, afirmou que os Estados Unidos não podem resolver todos os problemas do mundo.
Concordo. Vamos apenas esperar que os Estados Unidos apenas não criem mais problemas para o mundo (principalmente com suas soluções para o mundo) e já poderemos nós, terceiro mundistas, dar-mo-nos por plenamente satisfeitos.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Pode parecer óbvio, entretanto...

Não sei se pela chegada da primavera ou por outro motivo qualquer, resolvi prestar aqui um serviço de auxilio à comunidade, postando umas dicas para melhorar a saúde dos cidadãos (ou cidadões, para os que gostam de flexibilzar a gramática).
Na verdade consiste apenas em algumas regras que, comprovadamente, estimulam o bem estar:
- Olhe para os lados ao atravessar a rua. Sim, ser atropelado pode causar muito mal à saúde;
- Compre alimentos orgânicos, mas apenas na medida que você for consumir. Não tente fazer um estoque em casa, por mais prático que seja. Assim, toda vez que tiver que comprar alimentos, você aproveita para dar uma caminhada até a feira, o que pode, também, ser muito saudável, desde que você olhe bem para os lados ao atravessar a rua para ir até lá. Na verdade, esta é uma dica muito boa, já que comprando alimentos nas feiras ecológicas você estimula a agicultura familiar (de pequenas propriedades), colabora com a não utilização de agrotóxicos, o que tem influência direta sobre a qualidade do meio ambiente, e de quebra, ajuda a descentralizar o comércio de alimentos, tirando uma fatia do bolo dos grandes produtores e varejistas;
- E claro, como diria meu apresentador de programa popular alienante e de gosto duvidoso favorito: use filtro solar.
E não consigo pensar em nada melhor ou mais eficaz para aumentar a qualidade de vida.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Filosofia do descartável e do preço não arredondado

É difícil falar sobre valores, sejam eles fianceiros, morais ou afetivos. De qualquer maneira, parece que tais valores se relacionam. Um exemplo: há uns anos atrás gostavamos de tocar guitarra em uma banda. Compávamos, então uma guitarra, barata que fosse mas o prazer era andar com ela pendurada nas costas para dizer que fazíamos parte de um grupo exclusivo, a banda.
A guitarra tinha, então, um valor muito além daquela cifra de tantos reais, ou dólares, já que na época tínhamos que importar os instrumentos ou comprar usado pelo preço de novo.
Mas a questão vai além da exibição musical. Podemos pensar no valor das coisas de plástico: é apenas R$1,99, se estragar eu jogo fora e compro um novo. Mas os objetos de R$1,99 têm um outro custo: plástico precisa ser fabricado, lixo deve ser depositado em algum lugar, objetos que custam barato para nós podem estar sendo produzidos em uma fábrica no exterior que emprega mão de obra baratíssima, às vezes em troca de um prato de comida. Não aceitar a filosofia do descartável significa, também, zelar pela qualidade de vida e pelo meio ambiente.
Vejamos novamente o exemplo da guitarra, ela possuía um valor afetivo, coisa que não temos por um produto de R$1,99 que não é feito para durar e muitas vezes sua necessidade pode ser questionada.
E assim parece caminhar o consumo: menos afetividade, menos preocupação com o preço, já que custa tão pouco, cada vez mais compras. Objetos maiores, seja um despertador, um telefone, um brinquedinho qualquer ou um carro.
A publicidade nos diz: compre um carro novo, este agora tem preocupação ecológica, é bonito e possante, serás desejado pelas mulheres e invejado pelos homens, as donas de casa poderão comprar mais no mercado, já que o porta-malas é avantajado. Troque de celular, com este novo você será feliz, será aceito, será admirado, poderá ouvir música, assistir televisão, jogar video games e serve até para telefonar.
Mas no fim das contas, as coisas acabam cumprindo sempre as mesmas funções. Quero dizer, certas soluções somente surgiram para resolver problemas não existiam antes de tais soluções.
E assim, seguindo a filosofia do descartável, consumindo coisas que não são feitas para durar e que acabam formando um continente de plástico a vagar pelo oceano, acabaremos nós sendo descartados.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

É fogo, velho.

Na pequenez dos fatos públicos é que se revela a grandeza dos fatos particulares antes vistos como pequenos, mas apenas em sua aparência diria eu, mais especificamente diria que os fatos em si ainda não amadureceream, não cresceram. É o caso de uma cabeça de fósforo: é pequena, mas pode incendiar uma floresta ou mesmo uma alma, assim como a fagulha de um isqueiro, que dura menos de um segundo, mas é ela que acaba tornando verdadeiro o fogo da falsidade do gás.
Meus leitores poderiam perguntar: mas por que falar em chama e fogo agora? Simples, porque não devo ser o primeiro, mas também não poderia deixar passar a oportunidade de falar algo, mínimo que seja, sobre a presente data, de grande importância e motivo de orgulho para nós, o gaúchos e, claro, o fogo tem relação direta com o fato ocorrido com a chama crioula, já está no tutubo, passou no jornal da maior emissora de televisão do país. E eu aqui, resignadamente falando com atraso sobre isto, mas, como quase diria o Jânio Quadros: as forças ocultas parecem ter se manifestado no cerimonial acendimento da chama crioula. Será que existe uma conspiração contra o acendedor da chama? Creio que brevemente teremos resposta. Ou, pelo menos, se não tivermos resposta, temos ao menos um motivo para dar um pequeno sorriso com a desgraça alheia, o que, convenhamos, pode ser pecado, mas não chega a entrar no rol dos pecados capitais, portanto creio que não é uma violação do oitavo mandamento, o qual anda sendo bastante infringido há tempos.