terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Se mantiverdes vossas bocas caladas, ou nossos votos de final de ano

Novamente. Tenho fama de mal humorado. Pode ser verdade, mas esta face apenas se revela mais presente quando os idiotas insistem em falar idiotices nos meus ouvidos, que às vezes, mesmo tentando não ouvir nada aparece alguém disposto a não ser particularmente idiota, mas procurando sim fazê-lo publicamente, de modo a atestar tamanha idiotice e testar a paciência alheia.
Sempre achei ser particularmente irritante visitar livrarias. Não pelos livros, mas pelo tentativa de exibição de capital cultural de certos freqüentadores. Sempre há aquele que diz coisas como olha, que excelente este best seller de última qualidade. Como é bom fazer com que outras pessoas participem do meu mau gosto.
Mas, um episódio merece ser aqui relatado. Ao entrar em uma imensa livraria da capital (e não "das Kapital" como preferem os mais politizados, ou politicados) estava eu observando a estante de livros estrangeiros, quer dizer, edições estrangeiras mesmo, quando uma senhora relativamente jovem e seu marido encontram clássicos da literatura em inglês e ela , ao segurar um exemplar de "The Odissey" em uma mão, e na outra um exemplar de "The Iliad" diz para seu marido:
Que bom encontrar estes livros aqui. Sempre quis ler a Ilíada e a Odisséia no original.
Não que eu faça questão de exercer meu mau humor publicamente, ou que eu seja cronicamente mal humorado, mas o fato é que os idiotas teimam em dizer idiotices ao meu lado. Afinal, todos sabem que o Homero era latino e, assim sendo, não poderia escrever os originais em inglês, mas sim em latim culto. Sempre, é claro, fortemente inspirado por Virgilio, o qual, entre um livrinho e outro, adorava levar o Cervantes para conhecer o inferno.
Mas, bricandeiras à parte, o que realmente é chocante, não é o fato daquela senhora não conhecer Homero, sabendo que ele escrevia sobre o duelo entre Menelau e Páris. O fato realmente assustador, é que surge no ar, uma idéia de que a língua inglesa é a língua dominante e que toda a cultura emana dali, quer dizer, acredito que tais pessoas representam uma grande parcela da população que pode ser plenamente alfabetizada (ou alephbetizada), capaz até mesmo de ler um livro em uma língua estrangeira, mas que, pela total ausência de espírito crítico, desperdiça capital cultural em questões frívolas.
Concluindo. São estes os votos de natal e ano novo deste blog: percamos menos tempo com questões frívolas, mais espirito crítico para todos, mais solidariedade e, também, que mais idiotas aprendam a ficar com suas bocas fechadas. Sejam os idiotas políticos, jornalistas (principalmente os idiotas pertencentes a estas duas categorias) ou algum vizinho inconveniente e claro, alguns dirão, melhor humor para o autor deste blog. Assim faremos um mundo um pouco melhor.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Ainda chegaremos lá

Meus planos de ficar rico com o blog parecem estar indo cada vez melhor. Nesses dias em que o maior valor apregoado é mesmo o valor monetário, absolutamente tudo pode ser avaliado e medido em termos de papel moeda. Acabei descobrindo uma avaliação deste blog. Agora, otimistamente, penso em enriquecer apenas publicando o textos por aqui. O valor não é lá essas coisas. Eu até pensei estar na casa do milhar, mas reparei na vírgula após o número dois, mas já paga o café que uso como estimulante para pensar e ficar acordado enquanto escrevo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Atividade poética e uma piadinha infame

O que faz o poeta atualmente?

- Nada de concreto, apenas alexandrinamente soneteia por aí.

É o fim do mundo, seu imundo

Certas paranóias chegam a fazer parte do imaginário pupular. Desta vez, alavancada por um filme de terceira categoria (no sentido intelectual, claro, já que no sentido da produção é primeira categoria mesmo), volta à tona a paranóia do fim do mundo. Não sei se por inveja da geração anterior, sempre desejei ver alguém de barba e cabelo comprido carregando uma plaquinha anunciando: o fim está próximo. Mas agora que estamos perto disso não acho a menor graça.
Desta vez, o fim tem data marcada. Então, vale a pena discutir o que seria fim do mundo. Provavelmente o holocausto foi o fim do mundo para milhões de pessoas. Certamente os que dormem sob pontes acham isto o fim do mundo. Ter um continente de plástico a vagar pelo oceano é o fim do mundo. Pensar que os americanos apenas conseguem ver o seu país como centro do mundo é o fim do mundo. Os conflitos, padrões sociais, convenções sociais, aquecimento global, hipocrisia, crescimento populacional desenfreado, poluição, agrotóxicos, agronegócio, colonialismo ideológico e social, tudo isto é o fim do mundo.
Mas, depois de pensar muito a respeito do fim, devemos tomar algumas decisões, tal como onde estar? Em algum lugar abençoado que não será atingido pela enorme onda que varrerá a humanidade para baixo do tapete da existência no universo? Não, acho que o importante realmente não seria onde estar, mas com quem estar.
Certamente esta postagem pode parecer um tanto quanto, digamos, vazia de significado. E é mesmo, a não ser quanto à preocupação de com quem passar o fim do mundo. Afinal, ano novo tem todo ano, mas fim do mundo, provavelmente acontecerá apenas uma vez.