segunda-feira, 25 de maio de 2009

É possível perseguir um sonho?

Não assisto muita televisão, admito. Mas, se eu vi, muitos que não tiram o rabo da poltrona da sala devem ter visto também: a feiosa cantora da Escócia de voz angelical.
Sim, sua voz é muito doce, concordo. É afinada, concordo.
Mas não concordo mesmo é com o bombardeio de conselhos baratos de auto-ajuda: olha só, como uma pessoa tão feia pode cantar tão bem, conseqüentemente isto significa que a pessoa que tem um sonho deve ir atrás dele.
Particularmente acho uma grande humilhação, para aquela senhora e para o público.
Vou explicar. Não há nada demais no fato da moça cantar bem, afinal há uma lista interminável de cantoras feias.
A triste realidade é que, se a pessoa não tem aptidão para fazer algo, melhor mesmo é não fazer aquilo para o que não se está apto. Quer dizer, é simples, a cantora apenas possui essa condição, é genético, é favorecida por suas cordas vocais. Não está perseguindo algo impossível, não está tirando leite de pedra ou abrindo caminho pelo mar morto.
Sabe, é difícil se desviar deste tipo de propaganda, parece mesmo que temos uma certa empatia com as pessoas que passam por dificuldades e acabam chegando em algum lugar apesar de tudo, mas não concordo com a idéia de que todo mundo pode o que quiser, porque isto até fica muito bonito em livros de auto-ajuda, dá esperança, mas todos têm seus limites. Mas claro, a cobertura do fato dá uma pieguice insuportável à história.
O melhor conselho que eu poderia dar aqui (já escrevendo auto-ajuda), não seria para usar filtro solar, acreditar apesar de tudo ou ir atrás disto ou daquilo, mas sim, para de ver esse tipo de programação e concentrar-se em algo melhor.
O mais estranho nisto tudo é que li em algum lugar que querem fazer um filme sobre a história da escocesa. Quem fará o papel, a Julia Roberts?
Pô, será que querem nos tomar a todo custo o direito à desilusão?

5 comentários:

  1. Pois eu vinha pensando exactamente quase a mesma coisa. Ou não.
    Mas isso me fez lembrar um teste que teve pra uma banda de baile da qual fiz parte nos anos 90: estávamos procurando um bom saxofonista. No dia combinado apareceram 2. Um tinha um instrumento muito bonito, cromado e tudo. O outro, parecia ter sido comprado num brechó. Pois o primeiro, com toda a pompa do instrumento imponente, tocou desafinado pra caramba. Não deu 30 segundos de audição e já havíamos mandado o sujeito se retirar. Aí foi o segundo, com o saxofone completamente enferrujado e tocou: mais desafinado ainda. Moral da história: de onde menos se espera, aí é que não sai nada mesmo. É o que acontece com os telespectadores em geral. Esperamos dos mais abastados intelectualmente que façam reflexões sobre o que assistem, mas estes se restringem a assistir essas bobagens. Daí esperamos alguma surpresa dos mais simples e desse é que não sai nada...

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  2. Justamente por isso aposentei meus instrumentos musicais. Mas aí já é outra história ou estória.

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  3. Por isso também gosto muito do Millôr que, em determinados momentos, também usa "istória", ao se referir a um amontoado de letras acolheradas que foram jogadas num papel pelo (que ele também chama) Sir Ney.

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  4. Susan Boyle foi mais uma vítima dos MCM. Li na internet que além dela não ter ganhado (ganho) o tal concurso de canto, foi hospitalizada por esgotamento. Ela tinha um sonho, foi atrás dele e quem discorda que ela não estava apta para ganhar o referido concurso? Ela não é uma miss, mas precisa ser uma miss para ser uma cantora espetacular? Não. Ela não ganhou o concurso, mas ganhou uma enorme decepção com uma falsa ilusão criada pela mídia. Nem sempre o melhor é quem vence. Isso dará um bom enredo Hollywodiano, muitos vão ganhar em cima da sua desilusão.

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  5. Muitos vão ganhar com a desilusão da moça (senhora) e nós, os espectadores, vamos perder, expostos a mais uma imensa baboseira de Hollywood, regada a muita pipoca, claro.

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