quinta-feira, 9 de julho de 2009

Coisas que não entendo II: a corporação

Outro dia um amigo me perguntou como funcionava a corporação. Tentei responder de maneira simples e resumida: Moro perto de um hospital, perto desse hospital há uma casa que oferece estacionamento e quartos para pernoite para parentes dos internos, por preços, digamos, não muito camaradas. Do lado da casa há uma farmácia, que vende os mesmos remédios que qualquer outra farmácia vende, mas com um pequeno acréscimo (lei da necessidade de emergência). Do lado da farmácia há um bar, que vende os mesmos produtos que os outros bares vendem, mas, a exemplo da farmácia, também com uma sutil variação de preço a favor do dono do bar (chamado barista). A expansão funciona mais ou menos assim, há um grupo que trabalha em um setor, que necessita de outro grupo, de outro setor. Vejamos o exemplo dos carros: antigamente andávamos de carroça, os carros foram criados e tivemos que construir estradas, criar leis para regulamentar o trânsito nessas estradas, licitações para empreiteiras construirem as estradas, leis para regulamentarem as licitações, juristas para estudarem as leis, professores para ensinar aos juristas, pedreiros para construir as faculdades onde vão estudar os juristas, gente carregando tijolos, médicos, cozinheiras, enfermeiras, escritores, historiadores, e assim por diante. Mas, acima de tudo, teremos vereadores, prefeitos, deputados, governadores, senadores, presidentes, os quais tentarão zelar por seus próprios interesess acima de tudo, de todas as formas possíveis, e sob o pretexto de zelar pelos interesses do conjunto que engloba todos os envolvidos em suas atividades e que é chamado de coletivo. Tudo muito simples, obviamente.
Dentro dessa imensa oferta de possibilidades e variações fico me perguntando: não seria mais mais fácil se não tivessemos descido das árvores? Ou, tudo bem, até poderíamos ter descido das árvores, mas não poderíamos ter simplesmente ficado dentro das cavernas? Quanto teríamos poupado de dinheiro, meio ambiente, esforço humano, etc?
Claro, chamamos a tudo isso de corporação porque parece que há um senso profundo de cooperação entre os que podem produzir serviços, bens ou alimentos. Resumidamente, não consigo entender, muito menos explicar.

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