segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Os tempos, eles estão mudando

Sinal de que os tempos estão mudando é quando os filhos passam a levar os velhos para assistir a um concerto de rock.
Ontem, minha mulher e eu fomos levar meu pai para ver o show do Paul Mccartney em Porto alegre. Ela fez a cobertura fotográfica do evento.
Claro, achávamos que não permitiriam a entrada de pessoas com câmera fotográfica e a advertência no verso do bilhete de ingresso não era suficientemente clara. A advertência era clara apenas no que dizia respeito a não entrar portando qualquer tipo de bebida alcoólica (em garrafas, latas ou assemelhados, já que na pança eles não tinham como averiguar).
Depois de horas na fila nadando em um mar de gente, com um sol que parecia coisa de deserto do Sahara, deixamos meu pai o mais próximo possível do portão de entrada, esperamos o início do show, ouvimos um pouco do lado de fora e fomos embora.
O que segue abaixo é um email que ele enviou para ela agradecendo pelas fotos e comentando a apresentação. O melhor texto que li a respeito até agora. Nada de Bizz, Rolling Stone, Zero Hora ou Veja (se bem que dizer algo assim é como chutar cachorro morto).
Obviamente ambos me deram permissão para publicar por aqui. Então, divirtam-se com o texto do velho.


Oi Bianca,


Legais as fotos. Vou mandar pra todo o mundo. Não posso provar que estive lá dentro, mas que estive no portão posso.
Foi muito bom o show, claro. Depois de 50 anos se apresentando ele deve ter aprendido alguns macetes. Mas é muito simpático com o público. Eu não conseguia levantar as mãos, dar soquinhos no ar, cantar, gritar, dançar ou fazer hu! Hú! como fazem (ainda tenho muitas travas) mas pelo menos aplaudia bastante no final de cada música. E, de qualquer modo, eles tocam muito bem e ele mantém os arranjos como nos Beatles, menos no A Day in the Life, que quando é para entrar a orquestra no fim da música ele emenda com Give Peace a Chance, e posso dizer que aprovei a surpresa. Mas foi só esta no quesito arranjo.
E eu gosto de ver a reação do público (mesmo que eu não tenha coragem para fazer aquilo) participando e toda aquela massa pulando no ritmo.
E o estádio estava lotado. Só parou de entrar gente faltando uns 15 minutos pro início. Não foi como pensei que quando começasse todo mundo iria correr para o gramado. Não tinha espaço para mais ninguém nem no gramado nem na arquibancada, onde fiquei e também lotada. E todo o tempo em pé por que sentado nem pensar. Era todo o mundo praticamente ombro a ombro. No fim eu quase nem sentia mais as pernas, tive medo de cair.
Na saída estavam dando uma edição da zero hora, Paul esteve aqui, e quando fui pegar um exemplar outro velho também pegou (estava acabando) aí ficamos os dois não querendo largar o jornal. Acho que ia dar briga. Aí pensei que seria demais brigar com outro velho na saída de um show tão bom (quando deveríamos estar com a alma leve) na frente de milhares de pessoas. Resolvi abir mão e lá se foi o desgraçado rosnando. Mas ainda tinha umas cópias com os guris e acabei pegando a minha.

A Marlene falou que vocês viram o início e depois o cara sacaneou e fechou o portão.

Obrigado pelas fotos, agora vou mandar pra todo o mundo.

EU ESTIVE LÁ.

4 comentários:

  1. Que baratoooo! Eu QUERIA TER ESTADO lá, tsi...!!!!!
    Ah, e essa de "inversão de papéis" entre pais e filhos é muito legal! Nós, filhos, "nos achamos"!!! Só que quem aproveitou foram eles, rsrs! Tem mais é que mostrar pra todo mundo mesmo!
    ..........
    Ricardo, querido! Que boa visita no Tear! Grata pelo comentário.
    Torço por ti: tens alma de artista.
    Bjuuuu pra ti e pra Bianca!
    Tê!

    ResponderExcluir
  2. Seja bem vinda de volta Teresinha. Se um artista tem alma e se é que alma existe, tenho mesmo alma de artista.
    Beijo.

    ResponderExcluir
  3. Oi, Richardinho! Tens total direito de duvidar, assim como eu o de dar palpite.
    O termo "alma" poderia ser substituído por outro qualquer já que eu também tenho o direito de duvidar de que alma existe. Porém, a palavra "artista" causa um impacto mais forte no meu comentário.
    E nisso, parece, concordarmos.
    Bjoca!!!! Tê!

    ResponderExcluir
  4. E desde quando o teu pai faz comentário A FAVOR...? tsk tsk... os tempos estão MESMO mudando. É a proximidade do Após-calipso. Acho que ele tá virando o maior puxa-saco.
    Em tempo: eu não estive lá... snif, snif... minhas pernas e joelhos disseram NÃO.

    ResponderExcluir