domingo, 14 de novembro de 2010

Paradoxo

Existem listas. LIstas telefônicas, catálogos, listas de espera, mas existem também aqueles livros que mandam ou apenas sugerem que devemos fazer certas coisas e o fazem listando-as. É o caso dos livros do tipo mil e uma coisas antes de morrer. Mil e um discos para ouvir, mil e um filmes para ver etc.
Recentemente vi em uma livraria um livro do tipo, chamado mil e um livros para ler antes de morrer. Cosiderando que no Brasil é muito baixa a média de leitura, mesmo entre estudantes universitários ou pessoas que possuem curso superior, podemos concluir que realmente o livro levará várias pessoas à longevidade. Partindo da hipótese otimista de um livro por ano, para o leitor médio, claro, alguns viverão em média mil e um anos, do que podemos concluir que tal edição prolongará consideravelmente a expectativa de vida no país.
Mas esse pessimismo vicioso me leva a pensar que, no caso da teoria de que o livro realmente faça com que as pessoas vivam mais estar certa, esta será perpetuamente uma nação governada por ignorantes (ironicamente diferente dos dias atuais?), já que aqueles que ainda preservam a leitura entre suas atividades preferidas certamente contabilizarão muitos anos a menos, se comparados com a canalha não leitora. Aquela que prefere ficar em casa assistindo televisão ou coisas do gênero.
Sim, dentre os relacionados figuram alguns indispensáveis de fato, afinal a lista é extensa e, sendo assim, está fatalmente sujeita à lei da probabilidade, como também estaria se fosse menor. Mas como probabilidade não é o nosso assunto favorito e particularmente não sou muito bom com números, por hora deixemos de lado tais levantamentos e conjecturas.
Claro, é uma ótima edição para aqueles que querem blefar, lendo o resumo que consta ao lado de cada título, com um pequeno comentário. Coisa para se fazer em festas, para impressionar, depois de ter bebido além da conta e tentar posar de intelectual incompreendido que acaba bebendo demais por tal incompreensão.
Todavia digo que não devemos confiar em um livro desse tipo, já que em si mesmo não consta o próprio como um dos mil e tantos que devem ser lidos antes do suspiro final do leitor ávido por consultar uma boa lista. Tremenda falta de amor próprio e autoconfiança dos organizadores da edição.

5 comentários:

  1. Pode ser viável esta hipótese. Começo já a ler, finalmente, Ulisses. E vou ler, devagar, o Aurelião.

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  2. Pô, deixa o pessoal do Ministério da Previdência ler este post!

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  3. Acho que o caso é para o Ministério da Saúde.

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  4. Não é confiável principalmente pelo fato de, nessa lista, constar Paulo Coelho... eu folhei o dito livro esses dias e fiquei de cabelos em pé!

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  5. Pois é, Janaína. Entre um James Joyce e outro, sempre acaba aparecendo um Paulo Coelho para equilibrar as coisas...

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