sábado, 27 de novembro de 2010

Usurpando

Já que por esses dias pouco movimentados assunto é algo escasso para este autor aqui, e não quero pisar nesses terrenos cujas trilhas já estão tão percorridas que já não passam de um lamaçal intrasponível, como a ação da polícia no Rio ou sobre o grau de escolaridade dos deputados (de todos, e não apenas do palhaço); tendo em vista, também, que não é caso para rir, mesmo. Prefiro aproveitar o espaço aqui hoje para largar uma espécie de isca para os nossos leitores, despejando, fora de contexto mesmo, um trecho de livro. Mas sem fazer grandes revelações sobre o enredo, ou o contexto, ou levantar teorias que possam contaminar uma leitura desprovida de qualquer interesse, senão o interesse pela leitura pura e simplesmente divertida.
Não um livro qualquer, de qualquer bundão que anda colocando tinta no papel, ou despejando alguns bytes de informação eletrônica no meio virutal e se dizendo escritor mesmo assim.
Mas, como a arte de falar sobre algo também é considerada uma forma de arte, mesmo que aquele que fala sobre esse algo não seja capaz de fazê-lo, vamos dar graças a Deus pela bomba atômica e aproveitar um excerto do "Alguma coisa mudou" do Joseph Heller. Especialista em criar metáforas para a condição humana, comparações e intersecções de leitura mesmo antes da moda dos estudos comparativos etc.
Espero também que meus leitores me considerem um pouco mais inteligente por chegar aqui e assumir descaradamente que li alguns livros. Se não mais inteligente, pelo menos um pouco mais culto do que pareço, pô!
Mas, autocomiserações e autoironias deixadas de lado, espero que os leitores deste blog aproveitem o o texto abaixo e o leiam com atenção, pois espero sincera e honestamente que sirva para despertar a busca por este autor.
Para aqueles que já o conhecem e que entenderam ou reconheceram as sutis citações feitas nesta dispensável e interminável introdução espero que façam uma retomada da leitura dos seus livros, e que passem a fazer justiça quanto aos seus "Gold vale ouro" (certo, o título em português é horrendo e deixa passar o duplo sentido que o original traz em si), "Só Deus sabe" e "Imaginem que...", e deixem de olhar tanto (para o genial, admito) "Ardil 22", pois falamos aqui de uma pessoa que consegue caçoar de si mesmo, de rir da própria desgraça sem deixar de provocar uma reflexão profunda.
Por hora deixemos essa lenga-lenga de lado para apreciar o tão esperado excerto, já que o espaço para comentários estará aberto tanto para as devidas discussões, como para as devidas represálias, se bem que estas serão sumariamente deletadas pelo administrador do blog, pelo que responsabilizarei o google ou colocarei a culpa no sistema, mas dessa vez no sistema operacional que acusarei de ter extraviado, convenientemente, os comentários contrários às ideias aqui expostas.
E, obviamente, quando se trata de fazer uma transposição de um texto qualquer, mínimo que seja, de um cara como o Heller, em um espaço qualquer de leitura, a gente sempre fica com medo de que acabe tendo os textos ofuscados pelos seus e até com vontade de abandonar o ofício de escrever. Mas que se dane. Dizer algo assim também já é muita puxação de saco e acaba mandando para o espaço a minha fama de mal-humorado e iconoclasta.

Agora, o trecho de fato:

No meu departamento há seis pessoas que têm medo de mim, e uma secretária que tem medo de todos nós. Há uma outra pessoa que trabalha para mim e que não tem medo de ninguém, nem mesmo de mim. Eu a despediria sem qualquer hesitação, se não tivesse medo dela.

2 comentários:

  1. Pô, eu teria muita coisa pra falar deste texto (o teu, é claro) e falar mau. Mas como tenho medo, vou apenas dizer que achei genial o trecho e fiquei interessado em conhecer o Joseph Heller. Se bem que acho melhor apenas tentar ler os livros escritos por ele.
    Deixando de lado o medo, é interessante ver os rumos que os blogs vão tomando com o tempo: sempre iniciam de uma maneira despretensiosa e aos poucos tomam corpo de algo que não tem pretensão alguma. Claro, isso é uma autocrítica que não cabe ao teu blog, porque aí já seria uma outrocrítica.

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  2. Se a conversão ao espiritismo é uma de tuas novas aventuras acho podes tentar conhecê-lo. Caso ele dê as caras na sessão manda dizer que eu gosto muito do Ardil 22 e do Gold vale ouro. Mas como minha rasa compreensão do alheio me leva a crer que preferes ler os livros posso te dizer onde encontrar, mas aí já seria fazer propaganda gratuita dos sebos da cidade, coisa que me recuso a fazer sem a devida capitalização.

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