Dado o sucesso da postagem anterior, que teve cerca de cinco acessos, incluindo os dois que fiz para editar o texto, e também porque pretendo abrir uma firma de consultoria de recursos humanos e inumanos, continuaremos a discutir aqui os problemas de carreira e corporação.
Claro, o anterior era um texto sobre os chefes. Agora, falaremos sobre subordinados e subalternos.
Antes, um pequeno aviso aos desavisados, apesar do título, não se trata de um filme de terror (embora certas situações sejam aterrorizantes) ou de uma postagem sobre biologia, assunto que me é muito caro, mas sobre o qual entendo tanto quanto um cavalo ou uma zebra entendem de usinas termonucleares.
Mas, poderíamos dizer que os chefes procriam, coçam-se e da sua pele se desprende uma espécie de parasita que tende a se reproduzir rápida ou lentamente, dependendo das condições de higiene mental local.
O parasita em si é aquele tipo de colega que, sempre, apesar e acima de tudo, defende a visão do seu patrão. Aquele (ou aquela) a quem é conferido uma parte ínfima do sabor do poder autoritário e que, justamente por sentir esse doce sabor, passa a exercer uma função que podemos chamar de célula de chefia.
Claro, o parasita é o tipo que leu a cartilha do chefe, não chega a ser exatamente um puxa-saco padrão, poderíamos chama-lo de papagaio, mas isto constituiria uma grande ofensa a esta simpática, colorida, falante e ameaçada ave.
O parasita é aquela (ou aquele) colega que, sentando ao seu lado, tenta delegar tarefas, repetir os erros da chefia e ficar ali, tentando ganhar a simpatia de todos dizendo: Olha pessoal, responsabilidade é de todos, devemos ter iniciativa, zelar pela féria de nosso patrão.
E ele (ou ela) fica ali, rastejando na mesma lama que todos, usando o mesmo banheiro de todos, mas, claro, como parasita, alimenta-se das migalhas de autoridade deixdas para trás pelo superior.
Então, o leitor pode perguntar: e como identifico esse tipo de parasita? É mais ou menos fácil; seu discurso e aparência são repulsivos, ele é o tipo que veste sempre a camiseta da empresa, demoonstra certa intimidade para com o chefe, nas rodas de conversa com os demais colegas refere-se ao superior pelo primeiro nome e não usa a forma senhor ou senhora, sempre faz comparações que dizem que poderia ser pior (lá), poderia melhorar se todos colaborassem conosco (aqui), dão graças aos céus por terem tido a oportunidade de trabalhar no lugar. Mas como já foi dito aqui, não se assemelham ao puxa-saco, já que este pode ser apenas um mero suproduto do constrangimento causado pela estrutura de trabalho e pelo medo(claro) de perder o emprego. Não, esta subespécie de micro-chefe é o tipo que fica ali, parado, encarando todos. Aquele tipo de valentão que vai à praia com dezenove pessoas e puxa uma briga com o magrelo de bermudas, tênis e meias, sua maior característica é a covardia. Sempre procura dissipar os movimentos grevistas, ou anti-chefe, mas no fundo se borra de medo também.
Claro, é difícil combater este tipo de praga. Se fossem baratas, uma boa sapatada resolveria, mas o caso é mais complicado, o parasita pode ser invisível e se revelar em uma mesa de bar, um email ou programas de conversa pela internet.
Se bem que ainda não existem relatos de tentativas de usar o sapato contra este tipo de criatura. Pode dar certo, principalmente se for atingido diretamente na boca.
Aconselhamos, então, contra o parasita, o uso da sapatada metafórica.
Este blog não tem propósito, não pretende levantar teorias revolucionárias, escrever auto-ajuda, encontrar soluções, tampouco parecer mais inteligente do que merece. Enfim, este blog não tem objetivos. Tem não-objetivos.
quinta-feira, 11 de março de 2010
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
A vaca louca e a caridade ou a cartilha do grande chefe corporativista
*Post dedicado à professora e amiga, mesmo que à distância, Terezinha Brandão, que vê não apenas sentido, mas também propósito no que escrevo.
Já disse aqui e repito, trepito. Não sou dado a acreditar em teorias de conspiração, não assisto televisão, não leio certas revistas e jornais. Enfim, não sou adepto do que se chama cultura de massa. Talvez aqueles, como a Terezinha, que entendam a ironia do que digo, percebam que meus textos denunciam parte de meu posicionamento ideológico.
Mas deve, deve mesmo haver em algum lugar, uma espécie de cartilha do grande chefe corporativista. Aquele tipo de chefe que, quando demite um funcionário, força a barra para fazer parecer que o funcionário deveria mesmo pedir para ir embora da empresa porque não estava colaborando com o bom funcionamento, não estava vestindo a camiseta e suando-a o suficiente para, claro, sustentar o estilo de vida do superior hierárquico. Pois é exatamente isto que faz um assalariado vendendo seu tempo/força de trabalho por um preço não exatamente justo, mas que, devido a um complexo sistema de trocas, parece ser o preço orgulhosamente certo e merecido.
Certo dia, meu irmão e eu entramos em um supermercado de uma grande rede. Meu irmão fez uma reclamação sobre a empresa para uma funcionária do lugar, que agressivamente defendeu a corporação (de novo e novamente), dizendo que a empresa tem controle de qualidade, que em caso de insatisfação poderíamos escrever uma carta a um suposto ouvidor que teria prazer em tirar nossa dúvida. Claro, neste caso sanar nossa dúvida seria fazer propaganda do supermercado, enaltecendo suas qualidades, sua responsabilidade social, todas as suas virtudes sociais, mesmo que colaborando para despejar no ambiente milhares de sacolas plásticas, etc.
A atitude da moça faz parte, obviamente, do esquema corporativista. O funcionário sente que tem a obrigação de defender a empresa, afinal, é incutido na pessoa um senso de família. Mesmo que tal família não faça as refeições na mesma mesa há uma espécie de grande pai que lança seu olhar vigilante sobre os funcionários, como um pastor cuidando de seu rebanho, mas que na verdade está apenas interessado em seu lucro, e lucro é algo que equivale a salário para o grande chefe corporativista. Equivale a salário, mas em uma proporção exageradamente maior.
Se tal cartilha existe, assim seria o decálogo do grande chefe corporativista:
1- Procura parecer mais inteligente que teus subalternos, mesmo que para isto tenhas que ocultar tuas óbvias falhas de caráter e inteligência.
2- Ao pagar o salário, faz parecer que é com grande sacrifício, mesmo que tenhas milhões guardados e teu "funcionário-mal-remunerado-responsável-por-teu-livro-caixa" perceba o tamanho da mentira. Lembra: tal funcionário nunca afrontar-te-á, pelo menos por enquanto.
3- Na hipótese de tal funcionário afrontar tua autoridade e questionar tua fingida dificuldade financeira, amedronta-o com cortes na folha de pagamento, para aí sim, ele entender o que é uma dificuldade financeira.
4- Participa, sempre que possível, de projetos de caridade assistencial, para mostar a teus funcionários o quanto és justo(a), bondosa(o) e que grande golpe sofreria a humanidade se perdesse tua pessoa.
5- Procura sempre ter alguém para culpar pelo que está errado na empresa, desde que não seja tua própria pessoa.
6- Teus funcionários somente terão razão quando estiverem dizendo sim senhor(a).
7- Conta detalhes de tua vida privada. Demonstra algum interesse pela vida de teus subalternos, para depois poder dizer que apesar da diferença social há uma certa ilusória igualdade entre vós.
8- Queixa-te da situação financeira, política e econômica regularmente, mesmo que sejas a pessoa mais alienada financeira, social e politicamente.
9- Alimenta a intriga entre teus funcionários. Lembra-te de que o formigueiro que progride é aquele com maior número de formigas mudas.
10- Subestima sempre a capacidade intelectual de teus funcionários, afinal, se depois de perceberem que segues tal cartilha ainda continuam trabalhando para ti, tal capacidade não deve ser muito grande mesmo.
Para o funcionário do grande chefe corporativista fica o conselho de ser pego lendo tal cartilha, já que, a qualquer momento o grande chefe corporativista pode lançar seu olhar de pai pastor sobre o funcionário, repensar o decálogo e criar um 11º mandamento que impeça seus subalternos de obter informações privilegiadas.
Já disse aqui e repito, trepito. Não sou dado a acreditar em teorias de conspiração, não assisto televisão, não leio certas revistas e jornais. Enfim, não sou adepto do que se chama cultura de massa. Talvez aqueles, como a Terezinha, que entendam a ironia do que digo, percebam que meus textos denunciam parte de meu posicionamento ideológico.
Mas deve, deve mesmo haver em algum lugar, uma espécie de cartilha do grande chefe corporativista. Aquele tipo de chefe que, quando demite um funcionário, força a barra para fazer parecer que o funcionário deveria mesmo pedir para ir embora da empresa porque não estava colaborando com o bom funcionamento, não estava vestindo a camiseta e suando-a o suficiente para, claro, sustentar o estilo de vida do superior hierárquico. Pois é exatamente isto que faz um assalariado vendendo seu tempo/força de trabalho por um preço não exatamente justo, mas que, devido a um complexo sistema de trocas, parece ser o preço orgulhosamente certo e merecido.
Certo dia, meu irmão e eu entramos em um supermercado de uma grande rede. Meu irmão fez uma reclamação sobre a empresa para uma funcionária do lugar, que agressivamente defendeu a corporação (de novo e novamente), dizendo que a empresa tem controle de qualidade, que em caso de insatisfação poderíamos escrever uma carta a um suposto ouvidor que teria prazer em tirar nossa dúvida. Claro, neste caso sanar nossa dúvida seria fazer propaganda do supermercado, enaltecendo suas qualidades, sua responsabilidade social, todas as suas virtudes sociais, mesmo que colaborando para despejar no ambiente milhares de sacolas plásticas, etc.
A atitude da moça faz parte, obviamente, do esquema corporativista. O funcionário sente que tem a obrigação de defender a empresa, afinal, é incutido na pessoa um senso de família. Mesmo que tal família não faça as refeições na mesma mesa há uma espécie de grande pai que lança seu olhar vigilante sobre os funcionários, como um pastor cuidando de seu rebanho, mas que na verdade está apenas interessado em seu lucro, e lucro é algo que equivale a salário para o grande chefe corporativista. Equivale a salário, mas em uma proporção exageradamente maior.
Se tal cartilha existe, assim seria o decálogo do grande chefe corporativista:
1- Procura parecer mais inteligente que teus subalternos, mesmo que para isto tenhas que ocultar tuas óbvias falhas de caráter e inteligência.
2- Ao pagar o salário, faz parecer que é com grande sacrifício, mesmo que tenhas milhões guardados e teu "funcionário-mal-remunerado-responsável-por-teu-livro-caixa" perceba o tamanho da mentira. Lembra: tal funcionário nunca afrontar-te-á, pelo menos por enquanto.
3- Na hipótese de tal funcionário afrontar tua autoridade e questionar tua fingida dificuldade financeira, amedronta-o com cortes na folha de pagamento, para aí sim, ele entender o que é uma dificuldade financeira.
4- Participa, sempre que possível, de projetos de caridade assistencial, para mostar a teus funcionários o quanto és justo(a), bondosa(o) e que grande golpe sofreria a humanidade se perdesse tua pessoa.
5- Procura sempre ter alguém para culpar pelo que está errado na empresa, desde que não seja tua própria pessoa.
6- Teus funcionários somente terão razão quando estiverem dizendo sim senhor(a).
7- Conta detalhes de tua vida privada. Demonstra algum interesse pela vida de teus subalternos, para depois poder dizer que apesar da diferença social há uma certa ilusória igualdade entre vós.
8- Queixa-te da situação financeira, política e econômica regularmente, mesmo que sejas a pessoa mais alienada financeira, social e politicamente.
9- Alimenta a intriga entre teus funcionários. Lembra-te de que o formigueiro que progride é aquele com maior número de formigas mudas.
10- Subestima sempre a capacidade intelectual de teus funcionários, afinal, se depois de perceberem que segues tal cartilha ainda continuam trabalhando para ti, tal capacidade não deve ser muito grande mesmo.
Para o funcionário do grande chefe corporativista fica o conselho de ser pego lendo tal cartilha, já que, a qualquer momento o grande chefe corporativista pode lançar seu olhar de pai pastor sobre o funcionário, repensar o decálogo e criar um 11º mandamento que impeça seus subalternos de obter informações privilegiadas.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Colunismo
Sempre pensei muito a respeito da utilidade da coluna social. Onde poderíamos, se tais páginas não existissem, ler coisas como fulano passou as férias em Paris, outro, de sobrenome enorme festejou seu aniversário?
Claro, alguns jornais dedicam um grande número de suas páginas, outros um número pequeno, mas, mesmo assim, sempre pensei: e por acaso não existe uma coluna marginal. Não marginal no sentido criminal, mas sim no que se refere a estar à margem, neste caso, à margem da sociedade, ou melhor: society.
Leríamos então coisas como:
Pedrão e amigo bebem cachaça no boteco da esquina.
Zé colocando Pedrão para fora do bar, depois de pedir para pendurar um martelinho e ter tentado filar cigarro de um desconhecido que entrou ali para perguntar onde ficava a oficina.
Claro, às vezes também são públicados aqueles perfis, do tipo bate-bola, nos quais alguém sempre é inquirido a respeito do principal defeito e, invariavelmente, responde coisas como: sou perfeccionista, tenho um alto nível de exigência pessoal. Grandes defeitos.
Mas lá, na coluna marginal, os perfis bate-bola seriam assim:
Nome: Mané.
Profissão: Faço uns bicos por aí, por enquanto nenhuma profissão em particular.
Livro preferido: Só leio revista de mulher pelada.
Férias inesquecíveis: O que é isso?
Um elogio inesquecível: Não lembro quem me disse, em um churrasco, que a minha caipirinha era de matar. Não sei exatamente se era elogio.
Filme preferido: Não tenho tevê em casa.
Principal defeito: Minha mulher diz que quando estou dormindo ronco e peido muito, embora eu também o faça acordado.
Claro, a coluna marginal seria de difícil publicação no jornal, porque o editor não saberia onde publicar. Qual sessão teria que cortar, a cultural ou a econômica? Não, melhor suprimir o caderno de literatura. Afinal, não serve pra nada mesmo...
Claro, alguns jornais dedicam um grande número de suas páginas, outros um número pequeno, mas, mesmo assim, sempre pensei: e por acaso não existe uma coluna marginal. Não marginal no sentido criminal, mas sim no que se refere a estar à margem, neste caso, à margem da sociedade, ou melhor: society.
Leríamos então coisas como:
Pedrão e amigo bebem cachaça no boteco da esquina.
Zé colocando Pedrão para fora do bar, depois de pedir para pendurar um martelinho e ter tentado filar cigarro de um desconhecido que entrou ali para perguntar onde ficava a oficina.
Claro, às vezes também são públicados aqueles perfis, do tipo bate-bola, nos quais alguém sempre é inquirido a respeito do principal defeito e, invariavelmente, responde coisas como: sou perfeccionista, tenho um alto nível de exigência pessoal. Grandes defeitos.
Mas lá, na coluna marginal, os perfis bate-bola seriam assim:
Nome: Mané.
Profissão: Faço uns bicos por aí, por enquanto nenhuma profissão em particular.
Livro preferido: Só leio revista de mulher pelada.
Férias inesquecíveis: O que é isso?
Um elogio inesquecível: Não lembro quem me disse, em um churrasco, que a minha caipirinha era de matar. Não sei exatamente se era elogio.
Filme preferido: Não tenho tevê em casa.
Principal defeito: Minha mulher diz que quando estou dormindo ronco e peido muito, embora eu também o faça acordado.
Claro, a coluna marginal seria de difícil publicação no jornal, porque o editor não saberia onde publicar. Qual sessão teria que cortar, a cultural ou a econômica? Não, melhor suprimir o caderno de literatura. Afinal, não serve pra nada mesmo...
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Por que certos instrumentos musicais não dão certo?
Sempre sofri por ter escolhido o baixo como instrumento, desde as piadinhas mais sem graça, até as mais refinadas. Mas em minha defesa e de vários outros, como Paul Mccartney, Jaco Pastorius, Ron Carter, etc. digo que o baixo é um instrumento plenamente acessível ao músico. Claro, como bom ortodoxo, uso baixos com quatro cordas, os quais, para quem possui o mínimo de intimidade com instrumentos musicais, exigem apenas quatro dedos (fora o polegar, que fica apoiado contra o braço) para tocar suas quatro cordas.
E por que não me tornei guitarrista? Embora seja mais glamouroso, tocar guitarra exige muita exposição do músico, não sou exibido, então fico ali, recheando a música.
E o violino? O mundo já teve Paganini, então, não precisa de outro.
E o piano? O piano é um instrumento que pode despertar a ira dos ecologistas, já que as teclas brancas podem ser feitas de marfim e as pretas de ébano, além de trazer todas as notas ali, ordenadas, esperando o ataque do pianista. Sem falar que é um tanto difícil de carrega-lo de um lado para outro.
E por que não a bateria? Porque não me parece funcionar bem um instrumento cujo nome está no futuro do pretérito.
E por que não me tornei guitarrista? Embora seja mais glamouroso, tocar guitarra exige muita exposição do músico, não sou exibido, então fico ali, recheando a música.
E o violino? O mundo já teve Paganini, então, não precisa de outro.
E o piano? O piano é um instrumento que pode despertar a ira dos ecologistas, já que as teclas brancas podem ser feitas de marfim e as pretas de ébano, além de trazer todas as notas ali, ordenadas, esperando o ataque do pianista. Sem falar que é um tanto difícil de carrega-lo de um lado para outro.
E por que não a bateria? Porque não me parece funcionar bem um instrumento cujo nome está no futuro do pretérito.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Sacrilégio
E para que não fiquem por aí dizendo que sou muito mal humorado, hoje, para amenizar as coisas e tentar plantar um leve e doce (ou amargo) sorriso nas bocas e olhos dos meus leitores e leitoras, uma história engraçada que ocorreu há algum tempo atrás, com pessoas reais do mundo fictício, cujos nomes serão preservados a fim de zelar por sua privacidade e integridade moral, física e intelectual.
Os brinquedos sempre acabam ficando guardados em algum baú dentro do quarto. Em alguns casos são doados para crianças carentes, mas, na maioria das vezes ficam ali, na esperança de passar de uma geração para outra, ou mesmo serem pegos pelo antigo dono, mesmo que à noite, com a luz apagada e de portas fechadas. No início pode ser uma bola, uma bicicleta. Depois, passa para um violão, computador, carro, e assim por diante. Na verdade os brinquedos nunca são abandonados, apenas a conseqüência das brincadeiras é que tem suas proporções alteradas, amplificadas.
Neste caso, o brinquedo em questão é o aparelho de som. Em algumas famílias, ter acesso ao aparelho de poderia significar: o guri está crescendo, já não houve mais os disquinhos coloridos de histórias, agora quer mais é saber do rock, até já sabe ligar sozinho.
Não deixa, claro, de ser um rito de passagem.
E começou assim, uma coletânea dos melhores momentos do Rock in Rio aqui, um compacto da Nina Hagen ali, mas lá ia o futuro ouvinte de rock tentando construir o seu acervo, passando por diversas experimentações discófilas, algumas valeriam a pena, outras, melhor esquecer.
Fatalmente chega o dia em que coloca a tocar um pesadíssimo disco de rock pauleira (sim, assim era chamado o heavy metal antigamente).
Claro, nessa estrada de escolhas musicais, vai-se ouvindo tudo, menos (mais para contrariar mesmo) o que os pais gostam de ouvir e, hora ou outra, acaba-se descobrindo que quanto mais alto, melhor.
Começa então aquele inferno. Pai batendo na porta e gritando: desliga, desliga.
Mãe saindo do banho enrolada na toalha para ver qual trator de obras da prefeitura derrubou a parede da casa.
Vizinhos, melhor nem comentar.
Chega, também fatalmente, o dia em que o guri resolve dar uma olhada nos discos dos pais. Claro, lá pelas duas da manhã para evitar a vergonha da curiosidade pela música dos velhos. Afinal, rock é rebeldia, que porcaria de rebelde seria esse que concorda com os pais? E coloca um LP dos Beatles no volume máximo.
A mãe fala para o pai:
-Vai lá e dá um jeito. Manda ele desligar esta porcaria. São duas da manhã!
-Mas, mandar desligar? Ainda mais o Rubber Soul! Aí já é sacrilégio.
E assim fica provado que os filhos são, na maioria dos casos, a causa da ruína de muitos casamentos.
Os brinquedos sempre acabam ficando guardados em algum baú dentro do quarto. Em alguns casos são doados para crianças carentes, mas, na maioria das vezes ficam ali, na esperança de passar de uma geração para outra, ou mesmo serem pegos pelo antigo dono, mesmo que à noite, com a luz apagada e de portas fechadas. No início pode ser uma bola, uma bicicleta. Depois, passa para um violão, computador, carro, e assim por diante. Na verdade os brinquedos nunca são abandonados, apenas a conseqüência das brincadeiras é que tem suas proporções alteradas, amplificadas.
Neste caso, o brinquedo em questão é o aparelho de som. Em algumas famílias, ter acesso ao aparelho de poderia significar: o guri está crescendo, já não houve mais os disquinhos coloridos de histórias, agora quer mais é saber do rock, até já sabe ligar sozinho.
Não deixa, claro, de ser um rito de passagem.
E começou assim, uma coletânea dos melhores momentos do Rock in Rio aqui, um compacto da Nina Hagen ali, mas lá ia o futuro ouvinte de rock tentando construir o seu acervo, passando por diversas experimentações discófilas, algumas valeriam a pena, outras, melhor esquecer.
Fatalmente chega o dia em que coloca a tocar um pesadíssimo disco de rock pauleira (sim, assim era chamado o heavy metal antigamente).
Claro, nessa estrada de escolhas musicais, vai-se ouvindo tudo, menos (mais para contrariar mesmo) o que os pais gostam de ouvir e, hora ou outra, acaba-se descobrindo que quanto mais alto, melhor.
Começa então aquele inferno. Pai batendo na porta e gritando: desliga, desliga.
Mãe saindo do banho enrolada na toalha para ver qual trator de obras da prefeitura derrubou a parede da casa.
Vizinhos, melhor nem comentar.
Chega, também fatalmente, o dia em que o guri resolve dar uma olhada nos discos dos pais. Claro, lá pelas duas da manhã para evitar a vergonha da curiosidade pela música dos velhos. Afinal, rock é rebeldia, que porcaria de rebelde seria esse que concorda com os pais? E coloca um LP dos Beatles no volume máximo.
A mãe fala para o pai:
-Vai lá e dá um jeito. Manda ele desligar esta porcaria. São duas da manhã!
-Mas, mandar desligar? Ainda mais o Rubber Soul! Aí já é sacrilégio.
E assim fica provado que os filhos são, na maioria dos casos, a causa da ruína de muitos casamentos.
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Questão de balanço de valores
Certa vez, em um documentário, o João Ubaldo Ribeiro falava sobre a língua, explicando que não era filólogo, não era lingüísta, era apenas um usuário da língua. Assim como não sou advogado ou jurista, mesmo que meu trabalho esteja ligado, de certa forma, à carreira jurídica. Mas como poderia dizer que sou um usuário da lei. Talvez eu esteja mais para um cumpridor da lei. Assim como também não posso dizer que eu seja um ecochato, embora carregue a sina de merecer a segunda parte do nome.
Em todo caso, na cidade em que por enquanto moro, houve um caso envolvendo mau trato a animais, mais de uma vez. Não presto mesmo muita atenção em televisão, portanto, não sei exatamente em qual canal, o âncora do jornal anunciava que o responsável pelos maus tratos responderia por crime ambiental, quer dizer, com uma pena menor, do que podemos depreender que crimes contra o meio ambiente (ou contra o ambiente inteiro) são vistos como crimes menores, embora não deixem de ser atentados contra a vida, não só contra a vida dos animais, mas também, lógico, contra a vida humana, já que obviamente os seres humanos ocupam um lugar considerável no ambiente chamado planeta terra, embora certas vezes vezes esqueçam disto ou se espalhem demais. Então, gostaria de proferir esta retórica por aqui, sem querer parecer pedante: até quando nossa relação de superioridade hierárquica com a natureza vai continuar sendo um entrave para a nossa qualidade de vida?
Quer dizer, se acusamos a religião de ter afastado o homem da natureza, acho que esta catequese surte bastante efeito, tanto que houve um congresso em kopenhagen para discutir algo realmente atrelado a esta questão. E dessa vez sim, prestei atenção ao jornal.
Claro, acho que a sociedade deveria pressionar mais as autoridades competentes (competentes no sentido da faculdade que é dada à pessoa), para que os crimes ambientais sejam tratados como crimes maiores, bem como se mobilizar mais com relação a estas questões, a fim de quebrar este círculo hierárquico arrogante e vicioso.
Em todo caso, na cidade em que por enquanto moro, houve um caso envolvendo mau trato a animais, mais de uma vez. Não presto mesmo muita atenção em televisão, portanto, não sei exatamente em qual canal, o âncora do jornal anunciava que o responsável pelos maus tratos responderia por crime ambiental, quer dizer, com uma pena menor, do que podemos depreender que crimes contra o meio ambiente (ou contra o ambiente inteiro) são vistos como crimes menores, embora não deixem de ser atentados contra a vida, não só contra a vida dos animais, mas também, lógico, contra a vida humana, já que obviamente os seres humanos ocupam um lugar considerável no ambiente chamado planeta terra, embora certas vezes vezes esqueçam disto ou se espalhem demais. Então, gostaria de proferir esta retórica por aqui, sem querer parecer pedante: até quando nossa relação de superioridade hierárquica com a natureza vai continuar sendo um entrave para a nossa qualidade de vida?
Quer dizer, se acusamos a religião de ter afastado o homem da natureza, acho que esta catequese surte bastante efeito, tanto que houve um congresso em kopenhagen para discutir algo realmente atrelado a esta questão. E dessa vez sim, prestei atenção ao jornal.
Claro, acho que a sociedade deveria pressionar mais as autoridades competentes (competentes no sentido da faculdade que é dada à pessoa), para que os crimes ambientais sejam tratados como crimes maiores, bem como se mobilizar mais com relação a estas questões, a fim de quebrar este círculo hierárquico arrogante e vicioso.
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
A malfadada língua
Como foi dito no post anterior, o inglês parece estar dominando o mundo. Não um inglês qualquer, do tipo primeiro ministro, o que também não deixa de ser bastante plausível. Mas refiro-me aqui ao idioma inglês. Sim, a língua que os beatles falavam e na maioria das vezes cantavam, que alguns reis, príncipes, mendigos (não, mendigos não), a rainha e uma ou outra ministra amiga do Pinochet e com tendências ditatoriais, mas que não é a nossa ministra, também fala, ou falava, sabe-se lá.
Para não deixar desamparada minha vasta legião de leitores desamparados, digo que o inglês é uma língua bastante parecida com o português, principalmente com o português brasileiro.
Por exemplo: "No exit" significa não hesite; "Some fotos" significa que os retratos desapareceram; "Home" é o equivalente à expressão popular-regional ômi, como em "ômi de Deus!"; "Shake" é um monarca árabe.
Agora, money é dinheiro mesmo, e esse fala. Fala várias línguas com grande fluência e maior ainda influência.
Mas, meus agora amparados leitores podem me acusar de tudo, menos de não ter inaugurado as postagens nesta nova década, e pelo menos ter tentado iniciar com mais leveza e menos pessimismo, se bem que isto pode ser apenas uma impressão.
Para não deixar desamparada minha vasta legião de leitores desamparados, digo que o inglês é uma língua bastante parecida com o português, principalmente com o português brasileiro.
Por exemplo: "No exit" significa não hesite; "Some fotos" significa que os retratos desapareceram; "Home" é o equivalente à expressão popular-regional ômi, como em "ômi de Deus!"; "Shake" é um monarca árabe.
Agora, money é dinheiro mesmo, e esse fala. Fala várias línguas com grande fluência e maior ainda influência.
Mas, meus agora amparados leitores podem me acusar de tudo, menos de não ter inaugurado as postagens nesta nova década, e pelo menos ter tentado iniciar com mais leveza e menos pessimismo, se bem que isto pode ser apenas uma impressão.
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