domingo, 18 de setembro de 2011

Depois da exposição do Robert Wilson


Acho que a última vez em que a Marianne Faithfull esteve em Porto Alegre, foi na forma de vídeo, em uma tela de LCD, como vídeo-retrato de Robert Wilson. O que, convenhamos, não é pouca coisa. E pouco importa se na televisão foi dito nada ou pouco a respeito. Não sou mesmo ligado à televisão, não acredito nela como fonte imparcial de informações. Tanto que acabei sabendo das apresentações da Marianne Faithfull em Porto Alegre por outros meios, os quais não pretendo ficar propagandeando aqui, pois não estou sendo pago para isso, este não é um texto sobre os meios de comunicação e não vou me ater ao óbvio ataque à grande mídia com  acusações do tipo "se fosse dupla de música agrobrega ou grupo de pagode todos já estariam sabendo", visto que já acabei dizendo essas coisas a título de exemplo, ficando, dessa forma, registrada a minha indignação. E se o leitor prefere escutar agrobrega, pagode ou aquilo a que injustamente chamamos de música sertaneja e acha que espetáculo musical é somente aquele em que se pode dançar, pular e "curtir", peço que rasgue estas páginas virtuais, apague o endereço dos favoritos e, acima de tudo, não se dirija à minha pessoa em hipótese alguma, tanto de forma física como virtual.
O que realmente interessa hoje é que posso destacar diversos motivos para gostar da Marianne Faithfull:
Podemos gostar da Marianne Faithfull porque ela sabe escolher os músicos que a acompanham; porque ela admite ter sido presa por embriaguez e passado a noite na cadeia; porque ela gosta de músicas a respeito de prisões; por fazer piadas consigo e com a sua idade; por, durante o solo de "Sister morphine", olhar com evidente admiração para o seu guitarrista, estender o braço na direção dele e pedir aplausos; pela sua afinação, por sua voz que parece ressoar dentro da caixa torácica de quem está na plateia; pela sua generosidade com o público; por seu bom humor e simpatia, coisas que não interessam, pois creio que ela teria todo direito de ser antipática e mal-humorada.
Mas, para que ninguém me acuse de tietagem explícita ou tente destruir minha reputação de iconoclasta, dou meu depoimento contra; digo que o show foi curto e temo que ela não voltará tão cedo para se apresentar por estas bandas.

4 comentários:

  1. Lembro da primeira vez em que vi e ouvi algo da Mariane Faithfull. Anos 90 e eu escambei com o amigo algo que me rendeu um VHS do Rock'n'roll Circus, dos Rolling Stones. A primeira impressão que tive foi "que coisa chata, melosa, mas a voz dela e ela mesma é linda!". Cheguei a comentar e recebi um alerta: "jamais fala isso perto do meu velho porque ele é fã da Mariane". Depois disso, a fita ficou guardada e algum tempo depois, talvez alguns meses, resolvi assistir tudo novamente e me instigou a buscar mais coisas dela, o que me surpreendeu. Hoje compartilho a admiração à Mariane Faithfull. E tome isso por tietagem mesmo. Tô nem aí.

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  2. Admito, secretamente, que acho a voz dela muito melhor hoje.

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  3. Acrescento: ela continua atraente - atualmente pela personalidade; cantou uma música feita para ela do grande Tom Waits; deixou- nos mais perto dos Stones (pela história, por As Tears Go By) e dos Beatles (Working Class Hero). Para mim ela é a Nana Caymmi do rock: pura emoção.
    Decrescento: o som, na sexta, era mal mixado (mau miquissaado, segundo os tradutores piratas), escangalhou na hora da Lucy Jordan - um pecado mortal, e foi franciscano demais para mim - ela podia ter trazido pelo menos o cara que toca tuba. Não custava, né?
    Mas: babei.

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  4. Acho que o problema do som foi resolvido no sábado. Prova de que é de fato uma merda essa história de administração.

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