terça-feira, 6 de setembro de 2011

Setembro só faz sentido quando acaba

Chega setembro, mês da chegada da primavera e de tantas outras comemorações, e escrevo justamente sobre setembro, mês marcante na história da humanidade, mas cujas datas não parecem fazer muito sentido; portanto, entendo, ou ao menos vislumbro, o que João Ubaldo Ribeiro queria dizer.
Interessante seria dar uma boa olhada nas datas, algumas comemorativas, outras, nem tanto:
- Sete de setembro: dia da independência do Brasil, data em que o país mudou de dono, motivo de desfile de tanques, caminhões e tropas do exército; marchas pelas avenidas, hino nacional tocando, todos em posição de sentido. O que, de longe, talvez dê a entender que setembro tem sentido, ou, pelo menos, é o que aqueles que possuem um espírito piadista e com forte pendor para piadas óbvias podem vir a dizer, mas não se deixem enganar, isso não significa nada. Talvez o ato de hastear uma bandeira seja simbolicamente interessante, no sentido de buscar a verdadeira identidade nacional, o que, na minha humilde opinião, deveria ser feito através das artes e da literatura, se não apenas da arte como um elemento sólido e único.
- Vinte de setembro: só faz sentido no Rio Grande do Sul. O gauchismo emerge, as pessoas falam um estranho linguajar; cavalos saem às ruas montados sobre equinos. O gaúcho é o melhor ser humano de todos; se não, pelo menos o mais nobre, o mais valente; o Rio Grande do Sul tem as paisagens mais bonitas e o povo é gaúcho. Lembro que eu morava em frente a uma praça que ficava no caminho entre um centro de tradicionalismo e a avenida onde aconteciam os desfiles. Os sujeitos paravam para urinar na praça, durante o dia e, com seus cavalos, destruíam e bostevam nos canteiros lá existentes, o que certamente demonstra o exacerbado amor pelo solo, tanto alardeado pelos gaúchos na ocasião. E claro, digo isso com a autoridade de quem nasceu neste estado, ou melhor, Estado.
- Onze de setembro: sinônimo de atrocidade; claro, a morte de pessoas inocentes é realmente algo atroz, assim como a chancela da ditadura na América Latina, a invasão de diversos países, seja pela força, pelo comércio ou pela economia, ou por todos esses motivos, o desrespeito pela soberania das nações, o uso de cobaias humanas na Guatemala etc.
- Trinta de setembro: dia da secretária; eis uma data a ser comemorada. A secretária é, seguramente, a pessoa que mais trabalha em determinadas repartições, é quem organiza a agenda, aguenta ataques histéricos do chefe e dos clientes que pedem explicações, certamente a pessoa que mais acumula funções; se fosse musicista, certamente tocaria jazz, pela capacidade de improviso. Portanto, fica essa data a salvar setembro, no último dia, para, junto com a chegada da primavera, dizer que o mês não foi em vão.

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