quarta-feira, 4 de maio de 2011

Faça você mesmo II

Agora as coisas de modo mais complicado, de forma que servem apenas aos leitores mais avançados e experimentados: 

A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V, W, X, Y, Z
a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, k, l, m, n, o, p, q, r, s, t, u, v, w, x, y, z.


Embora eu acredite que, mais especificamente no Brasil, possa ser ignorada a existência do "k", do "w" e do "y" e, vez por outra, omitido um "h".


Mas a verdade por trás de tudo isso, de todo esse enigma, é que com apenas algumas infinitas possibilidades de variação e combinação do que está acima exposto posso escrever qualquer livro do mundo, inédito ou não, bem como qualquer pessoa pode apropriar-se destes signos e muito bem produzir infinitas obras.
Desistam, escritores, tudo já foi feito. 

14 comentários:

  1. Contesto o desfecho.
    A busca pelo novo, como pregava a lógica modernista, foi ultrapassada.
    Hoje podemos revisitar o que já foi feito, sem ter que substituir e superar o passado. E a superação é essa: trabalhar sobre o que já temos, aprofundar. Para os mais apressados, digo, não é tarefa fácil, mas possível.

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  2. Concordo, claro. Mas o novo está no âmbito da criação e me refiro no desfecho a uma ainda não traçada, mas possível, linha temporal de possibilidades e probabilidades. Escrever, pela lógica da semiótica me parece um esforço matemático.
    Também digo que quando escrevo luto contra um passado que não sou capaz de destruir, e acho que daí, dessa infrutífera luta contra o passado, advém o que chamamos de cânone, bem como as tradições.

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  3. ...e eu acho que tu tinhas que te libertar!
    =D [brincadeira]
    quando aceitamos que tudo já foi feito, aceitamos, ainda que não expressamente, que nada mudou, ou que nada muda, ou que nada mudará. dessa forma, dormimos e acordamos no mesmo mundo, deitados em um espaço onde só o tempo não está estagnado.
    tudo já foi feito... desde quando? [boa pergunta]
    implicitamente, esse raciocínio leva a crer em DEUS! O_O [cuidado, diegueza]
    crendice ou não, supervalorizo a criatividade. para além das formas... de A a Z...

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  4. Será mesmo, Diego? Acho um raciocínio estranho, e desde que Nietzsche usou a lógica para desconstruir o próprio conceito de lógica acho que ficamos pendurados no pincel, como se ao subir até o último degrau da escada alguém tirasse-a de lá, mas acho, também, que a criatividade não passa de um esforço matemático de usar o maior número de combinações de códigos aleatoriamente, sem que alguém o faça antes e isso nada tem a ver com misticismo ou ineditismo. Se bem que este já é outro assunto.

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  5. bem, tu é genial nos argumentos...
    mas não posso me render!! [tipo van dame]
    contudo, porém, entretanto
    ...
    a matemática... ah, a matemática... convocastes um ente divino! o conceito de limites (tu te lembra, né, as "bolinhas" hachuradas e as vazias) tem cabimento aqui. é nesse conceito que a matemática admite que a parada toda é infinita.
    ...
    logo...
    ...não concordo com limites para a criatividade, tampouco para a imbecilidade.
    quero dizer, afinal, que esses recortes e colagens de figuras e frases da história, são fruto (da alienação) da ciência. a criatividade, in natura existe!! mas para a encontrarmos, é preciso chapar forte o melão, ou peregrinar pelas montanhas de hoggar, ou nadar pelado no degelo dos glaciares...
    bem... vou parar porque vou dormir! heheh
    abraaaaaaaassssssssss

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  6. Diegueza, a tua presença aqui neste humilde espaço é uma honra. Mas como também não me rendo evoco o Salvador Dali, gênio, apesar de tudo, que dizia que a liberdade é péssima para a criatividade,embora eu prefira toda liberdade a custo de toda criatividade, mas isto é apenas uma estranha conjectura de um gênio louco. Também acredito que não existem limites para a imbecilidade, que anda se expraindo muito mais do que qualquer outra possibilidade adjetival. E no fim das contas esses tais recortes que norteiam nossa noção de criação.

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  7. Garanto que eu tinha dado um resposta para o comentário, mas com a pane do blogger acho que tudo foi deletado, incluindo comentário e resposta. Não que eu não me lembre do que foi dito, mas simplesmente tenho preguiça de escrever tudo de novo.

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  8. po... eu tenho a impressão que tinha outra resposta aqui, mesmo!! é verdade! quase certeza!!!
    também é verdade que pouco entendi do que tinhas escrito, por isso comentários tão pouco significativos.
    sem dizer da fraqueza do "convocastes um ente..."
    credo! só de reler, fico irritado. hahahh
    que coisa, gosto mesmo é de falar bobagem.
    de resto, cumpádi, espero tua vinda pra rolar uma sonzêra afuzel por aqui
    abraaaaaaassssssss

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  9. Eu acredito que essa angústia da criação acaba acometendo todos que escrevem hoje em dia. Parece que acabou a tradição da ruptura. Todas as poéticas já foram subvertidas. O problema não está em revisitar o passado. No modernismo já se fazia isso. Ou antes. Shakespeare já se apropriava de modelos das tragédias gregas. Creio que nosso problema seja mais estrutural, ou melhor, formal.

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  10. Pois é, não se pode entrar duas vezes no mesmo rio.

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  11. Ou mais explicitamente: um macaco datilografando em uma máquina de escrever por toda a eternidade seria capaz de escrever o texto da bíblia?
    A retomada sempre fez parte da história da arte, assim como o abandono, a oposição.
    Mas o que digo aqui nada tem a ver com a história da arte. Tampouco procuro criticar as retomadas.

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  12. É um campo de terreno movediço esse da criação e da renovação.
    E é interessante pensar que tudo já foi feito, mesmo pensando que é infinito o número de combinações que os símbolos postos permitem. Aliás, os mesmos símbolos podem extrapolar sua proposta atribuída, como clássico (pra não dizer clichê) exemplo do concretismo. Mais ainda: os mesmos símbolos também já foram exaustivamente combinados com outras imagens.
    O resultado disso é paradoxal: tudo já foi feito, mas, tendo em vista a infinitude, pouco foi feito.
    Bem, deixa eu pingar a xilocaína no meu siso.

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  13. Se considerarmos uma possibilidade infinita sim, mas apenas se concebermos o infinito como algo plausível. O que nos leva a outra questão que acaba se tornando fugidia em relação à proposta do texto: Temos capacidade de compreender o que é infinito? Como dizia Santo Agostinho: "se não consegues entender o que é Deus, tenta ao menos entender o que Ele não é"
    De qualquer modo, dada a circularidade do tema, tudo já foi feito.

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  14. E reiterando, já que o Otário evocou o conceito de contradição, praticamente nomeando oxímoro este humilde texto: Não entrarás duas vezes no mesmo rio.
    Ou, alternativamente: tudo flui.

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