quarta-feira, 2 de junho de 2010

E se Salomão estivesse por aqui?

Salomão. Todos conhecem a história das duas mães que tinham um filho que deveria ser partido ao meio por uma espada, mas que foi salvo pela verdadeira mãe que impediu que o guri fosse partido e que, por sua vez, foi recompensada por querer o bem da criança, preferindo vê-la longe de si, mas viva, ao invés de tê-la pela metade, mas morta.
Mas pensemos: e se Salomão estivesse andando por aí hoje, o que diria, por exemplo, a respeito das reservas de petróleo, das riquezas naturais, dos recursos hídricos, da concentração de renda, da saúde, da educação, da dignidade?
Diria algo como: partam ao meio e decidam com qual metade cada um há de ficar?
A respeito daqueles que ficam com a melhor parte podemos perguntar: de que vale a boa música para os que não têm bons ouvidos, e de que vale a boa comida para os que não têm bom paladar, assim como de que valem os bons amigos para os que não têm bom coração e de que valem os bons livros para os que não têm bons olhos e boa mente?
Então, para os ímpios, mais vale uma má musica, uma má terra, má comida, maus livros e maus amigos, já que importa apenas a vantagem que se pode tirar disso. E foi no que se transformou o mundo. Não, o mundo não se transformou, transformamos o mundo em um lugar perigoso para viver, com epidemias, violência, experimentos com transgênicos, agronegócio, ganância, arrogância e má literatura.
Então, digamos que partimos o planeta em dois (não proporcionalmente à necessidade de cada parte) e mandamos ao inferno a saúde do principal objeto envolvido, tal como a mãe que não se importou em ver o filho partido em dois.

Um comentário:

  1. Muito mais profundo o teu texto do que aparenta ser, Richardinho...!
    Está mais ou menos como Hamlet: "Ser ou não ser?"
    ....
    Não sei responder...
    Bjoca! Tê!

    ResponderExcluir