quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Questão de balanço de valores

Certa vez, em um documentário, o João Ubaldo Ribeiro falava sobre a língua, explicando que não era filólogo, não era lingüísta, era apenas um usuário da língua. Assim como não sou advogado ou jurista, mesmo que meu trabalho esteja ligado, de certa forma, à carreira jurídica. Mas como poderia dizer que sou um usuário da lei. Talvez eu esteja mais para um cumpridor da lei. Assim como também não posso dizer que eu seja um ecochato, embora carregue a sina de merecer a segunda parte do nome.
Em todo caso, na cidade em que por enquanto moro, houve um caso envolvendo mau trato a animais, mais de uma vez. Não presto mesmo muita atenção em televisão, portanto, não sei exatamente em qual canal, o âncora do jornal anunciava que o responsável pelos maus tratos responderia por crime ambiental, quer dizer, com uma pena menor, do que podemos depreender que crimes contra o meio ambiente (ou contra o ambiente inteiro) são vistos como crimes menores, embora não deixem de ser atentados contra a vida, não só contra a vida dos animais, mas também, lógico, contra a vida humana, já que obviamente os seres humanos ocupam um lugar considerável no ambiente chamado planeta terra, embora certas vezes vezes esqueçam disto ou se espalhem demais. Então, gostaria de proferir esta retórica por aqui, sem querer parecer pedante: até quando nossa relação de superioridade hierárquica com a natureza vai continuar sendo um entrave para a nossa qualidade de vida?
Quer dizer, se acusamos a religião de ter afastado o homem da natureza, acho que esta catequese surte bastante efeito, tanto que houve um congresso em kopenhagen para discutir algo realmente atrelado a esta questão. E dessa vez sim, prestei atenção ao jornal.
Claro, acho que a sociedade deveria pressionar mais as autoridades competentes (competentes no sentido da faculdade que é dada à pessoa), para que os crimes ambientais sejam tratados como crimes maiores, bem como se mobilizar mais com relação a estas questões, a fim de quebrar este círculo hierárquico arrogante e vicioso.

3 comentários:

  1. Vou citar um amigo (o Fernando) que me disse mais ou menos assim: 'Os humanos são a espécie mais egoista, mentirosa e malvada que o mundo já viu, vê ou verá.'

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  2. Claro. Estes dentre outros tantos adjetivos que poderíamos usar para qualificar a humanidade ou, pelo menos, uma boa (má) parte dela.
    Mas acredito, ingenua ou otimistamente, que ainda existam boas exceções.

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  3. Assino embaixo, Ricardo. Não se trata de "rotular" a humanidade, até porque "quem é a humanidade"? Cabe muita coisa aí...! Também acredito nas exceções. Quanto a exigir das autoridades competentes, bem, "a gente" fala, fala... E...? Bem, cabe muita coisa em "a gente"...!
    Bjoca!
    Tê!

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