sexta-feira, 5 de junho de 2009

Porque somos como somos

Então, já que estamos enfrentando um frio daqueles ultimamente, resolvi divagar um pouco sobre nossa condição e, também, sobre isto que chamamos inverno. Há quem diga que nós, os gaúchos, por possuirmos uma particular posição geográfica e ficarmos espremidos juntos à Argentina e Uruguai, desenvolvemos uma cultura particular, que nos difere do resto do Brasil. Concordo, afinal, o gaúcho é alguém que teima em dizer, mesmo em um frio desgraçado como o que faz agora, que vive em um país tropical.
Mas não são apenas essas particularidades que fazem de nós um povo dentro de outro povo, essa espécie de exilado dentro do próprio país, mas muitas outras, das quais citarei apenas as que considero mais relevantes:
As mulheres gaúchas são mais bonitas. Por passarem boa parte do ano entrouxadas acabam desenvolvendo uma aura de mistério, nunca se sabe o que pode ser revelado ao cair das palas e blusões de lã, jaquetas, mantas, toucas, etc. Como conseqüência das vestes, a mulher gaúcha não é bronzeada, e sim prateada, o que acaba colocando-a, inevitavelmente, em um patamar mais elevado com relação às mulheres de outros estados.
Nos dias mais frios pode-se desfrutar de muitas delícias proporcionadas pelo inverno: o pinhão, o quentão, a lareira acesa e poder fechar o dedão da mão esquerda na gaveta das meias, o que causa uma dor infernal em qualquer clima, mas se agrava no frio.
Poder colaborar com a indústria farmacêutica. Sim, o futuro de qualquer país depende da industrialização, então aqui contraímos todo tipo de infecção respiratória, resfriado, gripe do porco, da vaca, do camelo e acabamos passando boa parte do tempo de cama, o que também não deixa de ser algo inspirador.
Em alguns lugares temos neblina intensa, com isso, podemos estar em londres sem ter de viajar para a Inglaterra (para a Europa mais especificamente). Não posso dizer que acabemos avistando o Big Ben, mas eu mesmo já comprei um relojão de pulso e sempre ando por aí pensando que estou na sei-lá-o-quê-street.
Esse frio também faz com que bebamos mais vinho do que cerveja, o que também traz vários benefícios à saúde, principalmente à saúde do vinicultor (o cara que produz vinho, o qual contém várias coisas, dentre elas a uva, que é feita de vinho).
Nossa denominação também deve ser observada. Aqui no Rio Grande do Sul não somos chamados de sulriograndenses ou de riongrandenses do sul, mas sim de gaúchos, um termo que até hoje ainda não está bem explicado.
E, finalmente, uma grande vantagem que vejo aqui neste estado é a de que não temos axé music (até se ouve umas e outras por aí, mas contrabandeada e nunca tocada por um autêntico sujeito daqui) e somos considerados o estado mais rockeiro (roqueiro) do país, mas isto já é outra conversa.

4 comentários:

  1. Certa vez um músico porto-alegrense chamado Humberto, também conhecido por Engenheiros do Hawaii, bricou em lançar a "bagé music", mas isso não vingou. Em troca, os tradicionalistas pós-modernos resolveram misturar música folclórica com o pop e surgiu o tchê music, ou como escreveria um amigo de minha infâmia, digo, infância, tchê miusiqui.
    Mas o grande amigo profano tem razão quanto ao frio. Ele move a economia e nos traz sensações de estar num lugar civilizado. Acho que até vou comprar um relojão, uma capa de gabardini e um cachimbo pra me sentir bem britânico quando sair na rua, ou, in the street. Ou out the street. O meu problema é a dificuldade com o inglês.
    Mas acho melhor não estender esse comentário porque sinto muito frio e preciso sair da frente do computador. Acho que vou comer umas uvas.

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  2. Acho que até podes comer umas uvas, desde que não sejam daquelas mais de mesa, das quais nosso jornalista favorito tanto gosta.

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  3. Realmente, nos últimos dias tenho andado pelas ruas de Pelotas e me sentido em Londres! Aquele "fog" todo, não consigo enxergar... só me confundo quando vejo aquele projeto de Eiffel que tem no Mercado... menos, pelotenses, menos!

    Bom, vou lá fazer umas uvas com o cabernet-sauvignon do armário!!!!

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  4. E eu repito e dou fé: menos pelotenses em Pelotas seria uma ótima saída para a cidade.

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