quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Genealogicamente falando...

Muitos dos meus poucos leitores me perguntam de onde tiro os textos que são aqui publicados. Para não perder tempo costumo responder que eles vêm do plano metafísico, ou dar alguma resposta absurda que possa contentá-los, do tipo: eu estava no banheiro, olhando a água do banho escoar pelo ralo, daí tive uma ideia que, quando menos esperava, resultou em um texto.
Talvez os que acreditam em predestinação acreditem nessas respostas. Talvez outros, mais racionais apenas deem um sorriso um tanto cínico de contentamento e digam que não dá pra acreditar em algo assim, que é necessária uma prova mais científica.
Mas talvez a resposta tenha algo a ver com a genética, pois meu pai também escreve e mais uma vez me permitiu publicar aqui um texto escrito por ele.
Então aproveitem o texto, já que acredito que defende um ponto de vista bastante criativo, inusitado, divertido, além de ser uma narração de grande força.
Agora me resta o medo de que o velho comece a me roubar os leitores.
Mas eis o texto em questão:





Até que ponto a literatura pode influenciar a vida da gente?
 
       Vou contar esta história:
     
        As únicas espécies de que eu não tenho pena nenhuma de matar eram: mosquitos, moscas e baratas. Sempre que vejo uma formiga dou um passo maior para não pisar nela.
 
        Baratas eu acho os bichos mais nojentos sobre a face da terra (os ratos também). 
  
        Mas isso até há uns dias.
 
        Pois quando vi uma barata no banheiro saí atras dela para pisar em cima. Ela correu, me pareceu apavorada, para uma fresta da parede, mas não conseguiu entrar e ficou tentando e tentando entrar, dava para perceber a força que ela fazia para entrar naquele buraco e o terror que ela sentia, mas só consegui enfiar a cabeça e ficou com o corpo de fora.

         E eu, sádico, não poupei e esmaguei com o chinelo.
 
         Foi fazer isto e fiquei triste com a maldade, afinal uma barata só está cumprindo o destino dela de barata, assim como as formigas e tudo o mais, menos os motoristas bêbados e outros da nossa espécie.
 
          O resultado é que também não mato mais as baratas e ontem até deixei um pedaço de maçã para uma que vi na cozinha.
 
          Então, uma barata pode sempre um Gregor Samsa potencial.
 

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