Acho que a última vez em que a Marianne Faithfull esteve em Porto Alegre, foi na forma de vídeo, em uma tela de LCD, como vídeo-retrato de Robert Wilson. O que, convenhamos, não é pouca coisa. E pouco importa se na televisão foi dito nada ou pouco a respeito. Não sou mesmo ligado à televisão, não acredito nela como fonte imparcial de informações. Tanto que acabei sabendo das apresentações da Marianne Faithfull em Porto Alegre por outros meios, os quais não pretendo ficar propagandeando aqui, pois não estou sendo pago para isso, este não é um texto sobre os meios de comunicação e não vou me ater ao óbvio ataque à grande mídia com acusações do tipo "se fosse dupla de música agrobrega ou grupo de pagode todos já estariam sabendo", visto que já acabei dizendo essas coisas a título de exemplo, ficando, dessa forma, registrada a minha indignação. E se o leitor prefere escutar agrobrega, pagode ou aquilo a que injustamente chamamos de música sertaneja e acha que espetáculo musical é somente aquele em que se pode dançar, pular e "curtir", peço que rasgue estas páginas virtuais, apague o endereço dos favoritos e, acima de tudo, não se dirija à minha pessoa em hipótese alguma, tanto de forma física como virtual.
O que realmente interessa hoje é que posso destacar diversos motivos para gostar da Marianne Faithfull:
Podemos gostar da Marianne Faithfull porque ela sabe escolher os músicos que a acompanham; porque ela admite ter sido presa por embriaguez e passado a noite na cadeia; porque ela gosta de músicas a respeito de prisões; por fazer piadas consigo e com a sua idade; por, durante o solo de "Sister morphine", olhar com evidente admiração para o seu guitarrista, estender o braço na direção dele e pedir aplausos; pela sua afinação, por sua voz que parece ressoar dentro da caixa torácica de quem está na plateia; pela sua generosidade com o público; por seu bom humor e simpatia, coisas que não interessam, pois creio que ela teria todo direito de ser antipática e mal-humorada.
Mas, para que ninguém me acuse de tietagem explícita ou tente destruir minha reputação de iconoclasta, dou meu depoimento contra; digo que o show foi curto e temo que ela não voltará tão cedo para se apresentar por estas bandas.