quarta-feira, 13 de abril de 2011

Uns

Gosto do "uns". É o plural de um sem especificar um número determinado, pode ser muito e às vezes é pouco, pode até ser infinito. É suficientemente esperançoso para acender paixões quando alguém diz: vou te dar uns abraços.
É bem diferente do alguns, que exprime apenas indeterminação. O uns tem um jeito de quase indeterminação, mas ainda deixa no ar alguma certeza, ou quase.
O que dele se aproxima é apenas a sua variação "umas".
Existem aqueles que podem alegar que o uns é indecisão, uma tentativa de isenção da responsabilidade. Mas não, ele tem sua própria carga de responsabilidade, como os namorados que se mandavam telegramas com mensagens dizendo apenas "amo-te" ou "adoro-te". Era econômico, como naquele tempo em que o único computador conhecido era o Hal 9000.
Era o que fazia bem ao nosso ego na adolescência quando contávamos vantagem ao ficar com as gurias: naquela dei uns amassos. Provavelmente eram apenas uns dois amassos, mas fazia parecer muito e até mais do que simples amassos. Era impossível de ser desmentido. Afinal, quem contestaria a sua presença?
E servia também para nos tirar das enrascadas em que nos metíamos quando abusávamos do álcool à noite e chegávamos em casa com a mãe a esperar de manhã cedo para dar bronca, pronta para a conversa:
-Quanto você bebeu?
-Apenas uns copos.
Claro, com as mães não costumava funcionar muito bem, mas mesmo assim ainda era esperança suficiente para nos levar de volta pra casa, achando que tudo realmente ficaria bem e que, no caso de ser pego tentando enfiar a chave na porta da casa ao lado, haveria uma boa desculpa.
E, especialmente, dentre tudo que está publicado neste espaço podemos dizer: temos uns bons textos por aqui.

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