Novamente. Tenho fama de mal humorado. Pode ser verdade, mas esta face apenas se revela mais presente quando os idiotas insistem em falar idiotices nos meus ouvidos, que às vezes, mesmo tentando não ouvir nada aparece alguém disposto a não ser particularmente idiota, mas procurando sim fazê-lo publicamente, de modo a atestar tamanha idiotice e testar a paciência alheia.
Sempre achei ser particularmente irritante visitar livrarias. Não pelos livros, mas pelo tentativa de exibição de capital cultural de certos freqüentadores. Sempre há aquele que diz coisas como olha, que excelente este best seller de última qualidade. Como é bom fazer com que outras pessoas participem do meu mau gosto.
Mas, um episódio merece ser aqui relatado. Ao entrar em uma imensa livraria da capital (e não "das Kapital" como preferem os mais politizados, ou politicados) estava eu observando a estante de livros estrangeiros, quer dizer, edições estrangeiras mesmo, quando uma senhora relativamente jovem e seu marido encontram clássicos da literatura em inglês e ela , ao segurar um exemplar de "The Odissey" em uma mão, e na outra um exemplar de "The Iliad" diz para seu marido:
Que bom encontrar estes livros aqui. Sempre quis ler a Ilíada e a Odisséia no original.
Não que eu faça questão de exercer meu mau humor publicamente, ou que eu seja cronicamente mal humorado, mas o fato é que os idiotas teimam em dizer idiotices ao meu lado. Afinal, todos sabem que o Homero era latino e, assim sendo, não poderia escrever os originais em inglês, mas sim em latim culto. Sempre, é claro, fortemente inspirado por Virgilio, o qual, entre um livrinho e outro, adorava levar o Cervantes para conhecer o inferno.
Mas, bricandeiras à parte, o que realmente é chocante, não é o fato daquela senhora não conhecer Homero, sabendo que ele escrevia sobre o duelo entre Menelau e Páris. O fato realmente assustador, é que surge no ar, uma idéia de que a língua inglesa é a língua dominante e que toda a cultura emana dali, quer dizer, acredito que tais pessoas representam uma grande parcela da população que pode ser plenamente alfabetizada (ou alephbetizada), capaz até mesmo de ler um livro em uma língua estrangeira, mas que, pela total ausência de espírito crítico, desperdiça capital cultural em questões frívolas.
Concluindo. São estes os votos de natal e ano novo deste blog: percamos menos tempo com questões frívolas, mais espirito crítico para todos, mais solidariedade e, também, que mais idiotas aprendam a ficar com suas bocas fechadas. Sejam os idiotas políticos, jornalistas (principalmente os idiotas pertencentes a estas duas categorias) ou algum vizinho inconveniente e claro, alguns dirão, melhor humor para o autor deste blog. Assim faremos um mundo um pouco melhor.
Este blog não tem propósito, não pretende levantar teorias revolucionárias, escrever auto-ajuda, encontrar soluções, tampouco parecer mais inteligente do que merece. Enfim, este blog não tem objetivos. Tem não-objetivos.
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
domingo, 13 de dezembro de 2009
Ainda chegaremos lá
Meus planos de ficar rico com o blog parecem estar indo cada vez melhor. Nesses dias em que o maior valor apregoado é mesmo o valor monetário, absolutamente tudo pode ser avaliado e medido em termos de papel moeda. Acabei descobrindo uma avaliação deste blog. Agora, otimistamente, penso em enriquecer apenas publicando o textos por aqui. O valor não é lá essas coisas. Eu até pensei estar na casa do milhar, mas reparei na vírgula após o número dois, mas já paga o café que uso como estimulante para pensar e ficar acordado enquanto escrevo.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Atividade poética e uma piadinha infame
O que faz o poeta atualmente?
- Nada de concreto, apenas alexandrinamente soneteia por aí.
- Nada de concreto, apenas alexandrinamente soneteia por aí.
É o fim do mundo, seu imundo
Certas paranóias chegam a fazer parte do imaginário pupular. Desta vez, alavancada por um filme de terceira categoria (no sentido intelectual, claro, já que no sentido da produção é primeira categoria mesmo), volta à tona a paranóia do fim do mundo. Não sei se por inveja da geração anterior, sempre desejei ver alguém de barba e cabelo comprido carregando uma plaquinha anunciando: o fim está próximo. Mas agora que estamos perto disso não acho a menor graça.
Desta vez, o fim tem data marcada. Então, vale a pena discutir o que seria fim do mundo. Provavelmente o holocausto foi o fim do mundo para milhões de pessoas. Certamente os que dormem sob pontes acham isto o fim do mundo. Ter um continente de plástico a vagar pelo oceano é o fim do mundo. Pensar que os americanos apenas conseguem ver o seu país como centro do mundo é o fim do mundo. Os conflitos, padrões sociais, convenções sociais, aquecimento global, hipocrisia, crescimento populacional desenfreado, poluição, agrotóxicos, agronegócio, colonialismo ideológico e social, tudo isto é o fim do mundo.
Mas, depois de pensar muito a respeito do fim, devemos tomar algumas decisões, tal como onde estar? Em algum lugar abençoado que não será atingido pela enorme onda que varrerá a humanidade para baixo do tapete da existência no universo? Não, acho que o importante realmente não seria onde estar, mas com quem estar.
Certamente esta postagem pode parecer um tanto quanto, digamos, vazia de significado. E é mesmo, a não ser quanto à preocupação de com quem passar o fim do mundo. Afinal, ano novo tem todo ano, mas fim do mundo, provavelmente acontecerá apenas uma vez.
Desta vez, o fim tem data marcada. Então, vale a pena discutir o que seria fim do mundo. Provavelmente o holocausto foi o fim do mundo para milhões de pessoas. Certamente os que dormem sob pontes acham isto o fim do mundo. Ter um continente de plástico a vagar pelo oceano é o fim do mundo. Pensar que os americanos apenas conseguem ver o seu país como centro do mundo é o fim do mundo. Os conflitos, padrões sociais, convenções sociais, aquecimento global, hipocrisia, crescimento populacional desenfreado, poluição, agrotóxicos, agronegócio, colonialismo ideológico e social, tudo isto é o fim do mundo.
Mas, depois de pensar muito a respeito do fim, devemos tomar algumas decisões, tal como onde estar? Em algum lugar abençoado que não será atingido pela enorme onda que varrerá a humanidade para baixo do tapete da existência no universo? Não, acho que o importante realmente não seria onde estar, mas com quem estar.
Certamente esta postagem pode parecer um tanto quanto, digamos, vazia de significado. E é mesmo, a não ser quanto à preocupação de com quem passar o fim do mundo. Afinal, ano novo tem todo ano, mas fim do mundo, provavelmente acontecerá apenas uma vez.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Etimologicamente
Lembro do feriado do sete de setembro: dia da independência, dia de dar uma espiada nas marchas que passam na avenida, tanques, pessoal vestido de verde sem apelo ecológico, crianças com cataventos e uma certa emissora de televisão partindo para cima do público, a perguntar se as pessoas presentes lembravam qual o ano da declaração da independência do Brasil, talvez, mais precisamente, o dia em que o país mudou de dono.
Já que o feriado da proclamação da república não teve sentido algum (afinal foi celebrado no domingo) darei umas breves explicações para elucidar o sentido da coisa toda e prestar aos meus leitores (agora já são oito) um serviço, para que não fiquem constrangidos na frente da câmera ou de algum repórter pentelho.
República: vem de res publica, significa a vaca pública, mas não no sentido pejorativo. Quer dizer, a vaca tem dono, mas é de todos, do público, de um grupo numeroso de pessoas, mas não de uma multidão qualquer, e sim de pessoas com "interésses" específicos no bem comum da vaca. E ainda assim existe o problema da alta do preço do leite e da carne, o que me leva cada vez mais a aderir ao vegetarianismo, ou, há males que vem para benes.
República: significa publicar novamente, como aconteceu com o Campos de Carvalho. Antes era um verdadeiro garimpo encontrar qualquer livro dele, mas graças às republicações, hoje podemos encontrar a um preço razoável "a vaca de nariz sutil", "o púcaro búlgaro", "a chuva imóvel" e "a lua vem da ásia", embora ainda fique a editora nos devendo "tribo" e "banda forra".
República: algo que só funcionava e tinha sentido prático e pleno na cidade de "Callipolis", cidade na qual cada um se acupava de uma única tarefa, aquela para a qual era melhor dotado por natureza.
Resumindo: já que república é algo que muita gente explica e poucas realmente entendem, a proposta do texto de hoje é (além de tirar o blog desse limbo criativo) estabelecer um feriado que não caia num domingo. Um novo feriado chamado "reclamação da propública", um feriado para protestar em prol das coisas públicas, das causas movidas por pessoas unidas pelos mesmos direitos, em torno de um bem comum.
Já que o feriado da proclamação da república não teve sentido algum (afinal foi celebrado no domingo) darei umas breves explicações para elucidar o sentido da coisa toda e prestar aos meus leitores (agora já são oito) um serviço, para que não fiquem constrangidos na frente da câmera ou de algum repórter pentelho.
República: vem de res publica, significa a vaca pública, mas não no sentido pejorativo. Quer dizer, a vaca tem dono, mas é de todos, do público, de um grupo numeroso de pessoas, mas não de uma multidão qualquer, e sim de pessoas com "interésses" específicos no bem comum da vaca. E ainda assim existe o problema da alta do preço do leite e da carne, o que me leva cada vez mais a aderir ao vegetarianismo, ou, há males que vem para benes.
República: significa publicar novamente, como aconteceu com o Campos de Carvalho. Antes era um verdadeiro garimpo encontrar qualquer livro dele, mas graças às republicações, hoje podemos encontrar a um preço razoável "a vaca de nariz sutil", "o púcaro búlgaro", "a chuva imóvel" e "a lua vem da ásia", embora ainda fique a editora nos devendo "tribo" e "banda forra".
República: algo que só funcionava e tinha sentido prático e pleno na cidade de "Callipolis", cidade na qual cada um se acupava de uma única tarefa, aquela para a qual era melhor dotado por natureza.
Resumindo: já que república é algo que muita gente explica e poucas realmente entendem, a proposta do texto de hoje é (além de tirar o blog desse limbo criativo) estabelecer um feriado que não caia num domingo. Um novo feriado chamado "reclamação da propública", um feriado para protestar em prol das coisas públicas, das causas movidas por pessoas unidas pelos mesmos direitos, em torno de um bem comum.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Carro-forte, carro-fraco
Feito ambulância do capitalismo, anda pelas ruas o carro-forte levando dentro de si o agonizante papel que chamamos de moeda.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Herói nacional
Que os mais rebeldes não se preocupem. Não vou publicar um texto cheio daquelas papagaiadas lugares comuns (embora verdadeiras) que ouvimos e vemos por aí, do tipo herói é aquele que vence apesar das dificuldades, que é solidário, queganha salário mínimo e chega ao fim do mês, etc.
Mas, como meu amigo otário sugeriu que fosse criado um autêntico herói nacional, sugiro aqui a aparição do palhaço da justiça. Como nasceu? Ontem, ao passar perto do Palácio Piratini, durante uma manifestação contra a governadora, pude perceber que quase ao lado do escritório de trabalho do governardor(a) fica o chamado "Palácio da Justiça". Como protestar contra a governadora é justo, útil e coerente (para dizer o mínimo), mas os fatos que levam ao acontecimento dos protestos são uma verdadeira palhaçada, acho melhor mesmo criar o palhaço da justiça, o herói capaz de mostrar como é a justiça no país, se aqueles processos, que não citarei aqui, forem arquivados, o palhaço da justiça entrará em ação, fazendo com que a população possa rir de sua tragicomédia, antes que os políticos façam-no pelo povo, afinal, quem ri primeiro ri muito melhor e já que somos constantemente feitos de palhaço, por que não usar como identidade secreta?
Mas o melhor sobre o palhaço da justiça é que ele pode ser qualquer pessoa, um gari, um funcionário público, um professor, ou qualquer um mantenha seu sentimento de indignação e não acredite nos governantes.
Por via das dúvidas e por via das atuações também, comprei um narigão vermelho e, assim que encontrar uma cabine telefônica, estarei pronto para sair dali com as calças largas, sapatos grandes, nariz e maquiagem, pronto para combater esta grande palhaçada. Enfim, o palhaço da justiça é qualquer um que seja feito de palhaço pelos governadores, prefeitos, presidentes, ministros, medidas provisórias e afins.
Portanto, os políticos deverão ter cuidado ao tentar cometer alguma fraude, pois, atrás deles pode estar o palhaço, pronto para borrifar água com sua flor na lapela, ou dar-lhes uma cacetada com o balão em forma de porrete.
Mas, como meu amigo otário sugeriu que fosse criado um autêntico herói nacional, sugiro aqui a aparição do palhaço da justiça. Como nasceu? Ontem, ao passar perto do Palácio Piratini, durante uma manifestação contra a governadora, pude perceber que quase ao lado do escritório de trabalho do governardor(a) fica o chamado "Palácio da Justiça". Como protestar contra a governadora é justo, útil e coerente (para dizer o mínimo), mas os fatos que levam ao acontecimento dos protestos são uma verdadeira palhaçada, acho melhor mesmo criar o palhaço da justiça, o herói capaz de mostrar como é a justiça no país, se aqueles processos, que não citarei aqui, forem arquivados, o palhaço da justiça entrará em ação, fazendo com que a população possa rir de sua tragicomédia, antes que os políticos façam-no pelo povo, afinal, quem ri primeiro ri muito melhor e já que somos constantemente feitos de palhaço, por que não usar como identidade secreta?
Mas o melhor sobre o palhaço da justiça é que ele pode ser qualquer pessoa, um gari, um funcionário público, um professor, ou qualquer um mantenha seu sentimento de indignação e não acredite nos governantes.
Por via das dúvidas e por via das atuações também, comprei um narigão vermelho e, assim que encontrar uma cabine telefônica, estarei pronto para sair dali com as calças largas, sapatos grandes, nariz e maquiagem, pronto para combater esta grande palhaçada. Enfim, o palhaço da justiça é qualquer um que seja feito de palhaço pelos governadores, prefeitos, presidentes, ministros, medidas provisórias e afins.
Portanto, os políticos deverão ter cuidado ao tentar cometer alguma fraude, pois, atrás deles pode estar o palhaço, pronto para borrifar água com sua flor na lapela, ou dar-lhes uma cacetada com o balão em forma de porrete.
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