quarta-feira, 24 de março de 2010

Direito de resposta

Encontrei na rua uma pessoa que me disse ter lido o post "a vaca louca e a caridade..." e que se sentia muito ofendida por tê-la citado no texto e que eu deveria publicar algo me retratando, afinal ela chefia várias pessoas e diz que meu posicionamente e argumentação são extremamente ofensivos e agressivos, que vão contra as instituições sérias de trabalho e que existem muitos dispostos a zelar pelo bem estar da comunidade, gerando empregos e garantindo salário e boas condições de vida e trabalho aos funcionários.
Então, considerando que sou um cara muito educado, que zela pela boa e pacífica convivência; considerando que este é realmente um espaço aberto à crítica democrática; considerando que o autor aqui sabe reconhecer seus erros; considerando que não quero ser o culpado pelo aumento da taxa de desemprego e pela queda de produtividade nas empresas; considerando que sei que todo chefe, empregador ou, simplesmente, patrão tem seu estilo de vida sustentado pelos funcionários que vivem sem estilo algum, segue meu breve termo de retratação:
Não citei em momento algum qualquer nome de pessoa ou empresa, em sequer uma única linha em meu texto.
Mas, se a parte ofendida se sente realmente prejudicada pela expressão das idéias, fatos ou conceitos ali relatados, digo: Minha intenção não é de causar todo esse mal estar. Mas se tal mal estar foi causado e dita pessoa se sente de alguma forma ofendida ou prejudicada pelo texto, eu mantenho e reforço: todas as afirmações ali contidas são verdadeiras e merecidas. E mais: sua empresa deve ser mesmo uma boa bosta.
É o nosso parecer.

terça-feira, 16 de março de 2010

Sem relevância

O apanhador no campo de centeio costuma aparecer em diversas listas de livros de cabeceira. Claro, a minha não é diferente. Dentre outros lá está este que narra a peregrinação do Holden por Nova Iorque (que é como os ingleses chamam New York). Não poderia dizer mais nada que já não se tenha dito sobre o livro, ou prestar homenagem que já não tenha sido feita a Salinger. Pelo menos não de forma pungente quanto vários outros.
Pensei em publicar algo por aqui quando da morte de Salinger, mas não acho confortável escrever obituário ou notas fúnebres. Claro, eu poderia dizer inúmerascoisas fazendo analogias com o gargalhada, um dia especial para os peixes-banana, etc, claro, coisa que prefiro não fazer, já que a repetição serviria apenas para desgastar o assunto. Mas, para não considerar abandonada a causa e, acima de tudo, porque o livro e autor realmente merecem certas homenagens, resolvi falar algo sobre um dos personagens menores do romance.
Personagem menor? Não, o correto seria personagem ínfimo. Afinal, qualquer romance, filme ou obra narrativa tem seus coadjuvantes. Alguns dizem que existe um prêmio na academia de cinema dedicado a tal tipo de papel (o que ainda preciso averiguar). Mas o fato é que o personagem a que me refiro aqui tem uma passagem curta. Na verdade sua existência no "apanhador" é de cerca de um parágrafo - menos, se considerarmos as divagações do narrador acerca de sua aparição - mas a verdade é que o personagem que realmente expressa o desprezo pelo sistema e valores arcaicos é edgar Marsalla. Este é realmente meu herói, sem essa lenga lenga de peregrinação, divagações, contradições, conflitos e especulações. Edgar Marsalla é de fato profano, grosseirão e politicamente incorreto, capaz de soltar um peido infernal em uma capela durante o discurso doutrinador daquele que representa o estilo de vida para o qual a escola que Holden frequentava estava-o preparando. Obviamente todo o livro é muito sedutor, Holden dialoga muito bem com o leitor e sintetiza os conflitos e inquietações enfrentados por qualquer pessoa em qualquer geração.
Portanto, posso dizer aqui que o comentário realmente para tal texto/situação é que cabem coisas demais em um único personagem, mesmo que sua existência seja tão curta como a de Marsalla, aquele que não dialoga com o leitor, mas dá uma boa idéia do que o leitor vai encontrar pela frente.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Subespécies

Dado o sucesso da postagem anterior, que teve cerca de cinco acessos, incluindo os dois que fiz para editar o texto, e também porque pretendo abrir uma firma de consultoria de recursos humanos e inumanos, continuaremos a discutir aqui os problemas de carreira e corporação.
Claro, o anterior era um texto sobre os chefes. Agora, falaremos sobre subordinados e subalternos.
Antes, um pequeno aviso aos desavisados, apesar do título, não se trata de um filme de terror (embora certas situações sejam aterrorizantes) ou de uma postagem sobre biologia, assunto que me é muito caro, mas sobre o qual entendo tanto quanto um cavalo ou uma zebra entendem de usinas termonucleares.
Mas, poderíamos dizer que os chefes procriam, coçam-se e da sua pele se desprende uma espécie de parasita que tende a se reproduzir rápida ou lentamente, dependendo das condições de higiene mental local.
O parasita em si é aquele tipo de colega que, sempre, apesar e acima de tudo, defende a visão do seu patrão. Aquele (ou aquela) a quem é conferido uma parte ínfima do sabor do poder autoritário e que, justamente por sentir esse doce sabor, passa a exercer uma função que podemos chamar de célula de chefia.
Claro, o parasita é o tipo que leu a cartilha do chefe, não chega a ser exatamente um puxa-saco padrão, poderíamos chama-lo de papagaio, mas isto constituiria uma grande ofensa a esta simpática, colorida, falante e ameaçada ave.
O parasita é aquela (ou aquele) colega que, sentando ao seu lado, tenta delegar tarefas, repetir os erros da chefia e ficar ali, tentando ganhar a simpatia de todos dizendo: Olha pessoal, responsabilidade é de todos, devemos ter iniciativa, zelar pela féria de nosso patrão.
E ele (ou ela) fica ali, rastejando na mesma lama que todos, usando o mesmo banheiro de todos, mas, claro, como parasita, alimenta-se das migalhas de autoridade deixdas para trás pelo superior.
Então, o leitor pode perguntar: e como identifico esse tipo de parasita? É mais ou menos fácil; seu discurso e aparência são repulsivos, ele é o tipo que veste sempre a camiseta da empresa, demoonstra certa intimidade para com o chefe, nas rodas de conversa com os demais colegas refere-se ao superior pelo primeiro nome e não usa a forma senhor ou senhora, sempre faz comparações que dizem que poderia ser pior (lá), poderia melhorar se todos colaborassem conosco (aqui), dão graças aos céus por terem tido a oportunidade de trabalhar no lugar. Mas como já foi dito aqui, não se assemelham ao puxa-saco, já que este pode ser apenas um mero suproduto do constrangimento causado pela estrutura de trabalho e pelo medo(claro) de perder o emprego. Não, esta subespécie de micro-chefe é o tipo que fica ali, parado, encarando todos. Aquele tipo de valentão que vai à praia com dezenove pessoas e puxa uma briga com o magrelo de bermudas, tênis e meias, sua maior característica é a covardia. Sempre procura dissipar os movimentos grevistas, ou anti-chefe, mas no fundo se borra de medo também.
Claro, é difícil combater este tipo de praga. Se fossem baratas, uma boa sapatada resolveria, mas o caso é mais complicado, o parasita pode ser invisível e se revelar em uma mesa de bar, um email ou programas de conversa pela internet.
Se bem que ainda não existem relatos de tentativas de usar o sapato contra este tipo de criatura. Pode dar certo, principalmente se for atingido diretamente na boca.
Aconselhamos, então, contra o parasita, o uso da sapatada metafórica.